Foto: Freepik
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*Artigo escrito por Eliomar Bufon Lube, advogado empresarial, especialista em operações de M&A e membro do comitê qualificado de conteúdo de ESG do Ibef-ES.

A agenda ESG (Ambiental, Social e Governança) deixou de ser um diferencial reputacional para se tornar um verdadeiro ativo estratégico.

Evidências crescentes revelam que o desempenho ESG influencia diretamente o valor das empresas, moldando decisões de investidores, condições de financiamento e até estratégias de inovação.

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Estudo recente conduzido com companhias chinesas de setores altamente poluentes demonstrou que boas práticas ESG geram ganhos tangíveis ao valor empresarial. Isso, especialmente quando associadas à inovação em tecnologias verdes, à melhoria do controle interno e à redução de custos de financiamento.

A lógica é clara: empresas que mitigam riscos socioambientais tendem a operar de forma mais eficiente. Atrair investidores comprometidos com o longo prazo e acessar crédito com condições mais vantajosas.

O impacto não se limita a setores tradicionais. Em um painel abrangendo 41 países e 12 setores econômicos, pesquisadores demonstraram que empresas envolvidas em operações de fusões e aquisições (M&A) tendem a melhorar sua performance ESG após a transação.

Essa evolução ocorre não no ano do negócio, mas no exercício seguinte, o que sugere que M&As podem ser catalisadores de transformação sustentável, seja por pressão de stakeholders, seja por sinergias internas de gestão.

Além disso, a análise dos efeitos heterogêneos do ESG mostra que empresas não estatais, localizadas em cidades não dependentes de recursos naturais e lideradas por executivos com experiência internacional são mais sensíveis aos benefícios dessas práticas na criação de valor.

Importância de adotar práticas ESG

Adotar práticas ESG não significa apenas atender a expectativas regulatórias ou reputacionais. Trata-se de responder a uma nova racionalidade de mercado, na qual fatores socioambientais e de governança impactam diretamente a avaliação financeira das companhias.

Ignorar essa lógica pode significar aumento do custo de capital, perda de acesso a financiamentos e limitação na atração de investidores qualificados.

Em contrapartida, empresas que tratam o ESG como alavanca estratégica fortalecem sua resiliência, ampliam sua legitimidade perante stakeholders e se posicionam de forma vantajosa em um ecossistema de negócios em que a sustentabilidade é cada vez mais sinônimo de valor.

O ESG, portanto, não é apenas uma pauta ética ou normativa: é um fator de precificação. Negligenciá-lo pode representar perda de valor, aumento de custos de capital e exclusão de mercados mais exigentes.

Já incorporá-lo de forma estratégica pode posicionar a empresa à frente em um cenário em que a sustentabilidade, mais do que desejável, é inevitável.

Por fim, esse é o momento em que o valor da empresa se funde com os valores que ela entrega à sociedade. E o mercado — cada vez mais atento — precifica essa convergência.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.

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