Foto: Freepik
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*Artigo escrito por Dyego Frasson, advogado empresarial, especialista em ambientes de negócios e operações de M&A, e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de ESG do Ibef-ES.

A integração entre saúde, segurança ocupacional e sustentabilidade consolidou-se como pilar essencial para empresas comprometidas com práticas ESG reais.

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A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que estabelece disposições gerais para as demais normas de segurança e saúde no trabalho, ganhou relevância estratégica à medida que passou a ser entendida não apenas como requisito de conformidade legal, mas como ferramenta de governança capaz de gerar valor econômico, mitigar riscos e reforçar a reputação corporativa.

Evolução da NR-1

No Brasil, a evolução recente da NR-1 trouxe avanços significativos. Entre eles, a implementação obrigatória do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) impôs às organizações maior responsabilidade na identificação, avaliação e controle de perigos. Alinhando práticas internas aos padrões globais de due diligence socioambiental.

Essa estrutura se conecta diretamente a relatórios ESG exigidos por marcos como a Resolução CVM 193/2023 e os padrões internacionais da IFRS S2. Que já impactam mais de 300 companhias listadas no país.

Empresas que incorporam a NR-1 em seus sistemas integrados de gestão demonstram ganhos concretos. Pesquisas apontam que organizações com políticas robustas de saúde e segurança ocupacional têm até 20% menos incidentes trabalhistas. Além de aumentarem em 12% sua produtividade operacional.

Esse resultado se reflete em indicadores ESG auditáveis. Atualmente, mais de 70% das grandes empresas no Brasil já incluem metas de segurança no trabalho em suas diretrizes de remuneração variável para lideranças.

O viés ambiental também se faz presente. Ao fortalecer controles e prevenção de acidentes, a NR-1 contribui indiretamente para minimizar impactos ambientais. Reduzindo vazamentos de substâncias, desperdícios de materiais e emissões não previstas.

Integrada a práticas de economia circular, a gestão de riscos ocupacionais conecta-se à rastreabilidade de cadeias produtivas — hoje, 40% dos minerais usados em setores críticos já possuem origem monitorada por blockchain, assegurando compliance ambiental e social.

ESG e NR-1

A biodiversidade, outra pauta ESG estratégica, encontra na NR-1 um suporte indireto. Ambientes de trabalho mais seguros e processos produtivos menos vulneráveis a acidentes reduzem impactos em áreas sensíveis. Evitando contaminações e danos a habitats, especialmente em setores como mineração, indústria química e agronegócio.

No contexto financeiro, o alinhamento entre NR-1 e ESG é cada vez mais exigido por investidores institucionais. Hoje, cerca de 45% do capital global sob gestão adota critérios ESG como pré-requisito de aportes.

Nesse sentido, elatórios de sustentabilidade sem informações claras sobre saúde e segurança laboral tendem a perder credibilidade e comprometer acesso a green bonds e financiamentos atrelados a performance.

Em síntese, a NR-1 deixou de ser apenas obrigação trabalhista para se tornar componente central da estratégia ESG. Conectando, assim, governança, conformidade regulatória, performance operacional e criação de valor sustentável.

Empresas que internalizam esta norma como parte da cultura organizacional não apenas cumprem a lei — protegem vidas, fortalecem sua imagem e ampliam margens, tornando-se protagonistas em um mercado cada vez mais pautado por responsabilidade e transparência.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.

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