
*Artigo escrito por Haynner Batista Capettini, advogado, assessor jurídico do Sicoob Central ES, diretor jurídico e Compliance Officer do Ibef-ES e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de GRC do Ibef-ES.
Muita gente pensa que GRC — governança, riscos e compliance — é apenas para proteger dados ou evitar multas, mas, na verdade, é muito mais do que isso. Ter uma iniciativa comprometida com a ética, com a transparência e a integridade, é sinal de responsabilidade.
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Segundo o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), o compliance tem tudo a ver com respeito às regras, valores e princípios que definem a essência de uma empresa, aquilo que ela realmente pratica no dia a dia.
Apesar de ser fundamental, muitas organizações ainda encontram grandes obstáculos para implementar um programa de conformidade na prática, de verdade.
Um dos primeiros desafios é a falta de uma cultura que valorize a integridade. Ou seja, não basta ter regras bem feitas, é preciso que toda a equipe, principalmente os líderes, realmente acredite na importância de agir com ética e transparência.
Quando essa cultura não existe ou não é incentivada de cima para baixo, o programa de compliance vira uma lista de boas intenções que acaba esquecida.
Desafios para cultura do compliance
Outro ponto difícil é que investir em compliance exige recursos, e não só dinheiro. É preciso dedicar tempo, pessoas e treinamentos. Implementar políticas, contratar consultorias especializadas, adotar ferramentas tecnológicas — tudo isso tem custo.
Sem esse investimento, as empresas acabam criando ações superficiais ou negligenciando processos essenciais.
Além disso, muitas organizações têm dificuldades em acompanhar a velocidade das mudanças na legislação. Para setores como saúde e financeiro, que lidam com regulamentações que mudam frequentemente, essa atualização constante vira uma verdadeira batalha. É necessário treinar equipes e ficar de olho nas novidades o tempo todo.
Por último, outro obstáculo comum é a escolha das ferramentas tecnológicas certas. Implementar sistemas que ajudem a monitorar e detectar irregularidades não é simples.
É preciso adaptar os processos internos, treinar os funcionários e estar sempre atualizado para que essas soluções funcionem bem e realmente ajudem a evitar problemas.
Superar esses desafios exige que os líderes tenham uma visão estratégica e estejam realmente comprometidos com a ética. Só assim as empresas conseguem usar o compliance como uma ferramenta de sustentabilidade, fortalece e conquista a confiança do mercado.
Quem entende suas responsabilidades e investe na prática de valores sólidos sai na frente, se destacando pelo compromisso com a transparência e a integridade.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.