Economia

Lacker, do Fed, diz que argumentos pela alta de juros são fortes

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Washington – Os argumentos para o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) começar a elevar os juros básicos neste mês são fortes, afirmou hoje o presidente da distrital do Fed em Richmond, Jeffrey Lacker. Ele afirmou, no entanto, que ainda não decidiu se vai apoiar o primeiro aumento dos juros dos EUA em quase uma década.

“Mais cedo este ano, eu disse publicamente que os argumentos a favor de se elevar os juros são fortes e eu ainda acho que isso é verdade”, disse Lacker, que vota nas decisões de política monetária do Fed em 2015.

Em discurso preparado para um café da manhã em Richmond, capital do Estado norte-americano da Virginia, Lacker enfatizou que não tomará uma decisão final sobre a questão dos juros antes de discuti-la com outros dirigentes do Fed, na reunião de setembro, e tenha avaliado dados adicionais que serão divulgados até então. A próxima reunião do Fed está marcada para os dias 16 e 17.

Recentemente, Lacker defendeu que os juros deveriam subir “antes cedo do que tarde”. Nas reuniões de junho e julho, porém, ele não foi dissidente.

“Eu tenho mostrado disposição de esperar até agora este ano”, afirmou Lacker. “Em parte, isso é porque o Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) condicionou o público a não aguardar uma elevação antes de junho, e desviar das expectativas que temos alimentado exigiria um significativo afastamento das condições econômicas que prevíamos, o que não aconteceu.”

Segundo Lacker, no entanto, o Fed deixou claro que um aumento agora é possível e que já está “definido” que as forças que continham o crescimento e a inflação eram transitórias. Ele disse também esperar que o Fed considere os argumentos a favor e contra o adiamento da elevação dos juros e defendeu que uma expansão econômica mais forte seja associada a taxas de juros mais altas.

O último aumento de juros do Fed foi anunciado em 2006 e as autoridades do BC norte-americano têm dito que esperam começar a elevar os juros básicos – que estão em níveis próximos de zero desde o fim de 2008 – em algum momento deste ano. Os dirigentes, contudo, parecem divididos em relação a fazer o primeiro movimento neste mês.

Lacker, que é cético em relação à política de relaxamento monetário do Fed, argumentou que o BC dos EUA já testemunhou a melhora no mercado de trabalho que vinha esperando e que houve um significado aperto nesse mercado ao longo do último ano e meio.

Lacker comentou ainda que, embora a inflação em 12 meses continue baixa, a taxa média de crescimento do índice de preços do PCE, produzido pelo Departamento do Comércio, tem sido de 2,2% desde janeiro. “A última metade do ano mostra que a inflação voltou para nosso objetivo de 2%”, disse.

Lacker também comentou que os últimos desdobramentos na China ampliaram as incertezas relativas ao crescimento econômico e política macroeconômica do país, o que gerou volatilidade nos mercados financeiros. Ele notou, porém, que as implicações diretas dessa situação para os fundamentos econômicos dos EUA “parecem ser bastante limitadas”.

Para Lacker, o Fed tem um histórico de reagir exageradamente a movimentos dos mercados financeiros que parecem não ter relação com os fundamentos econômicos.

“Não estou argumentando que a economia está perfeita, mas também não está nas cordas, exigindo que as taxas de juros zero voltem para o ringue. Está na hora de alinhar nossa política monetária com o significativo progresso que fizemos”, concluiu Lacker.

O discurso de Lacker estava previsto para ocorrer às 9h10 (de Brasília), 20 minutos antes do relatório de emprego dos EUA referente a agosto. Segundo o documento, a economia norte-americana criou 173 mil postos de trabalho no mês passado, menos que as 220 mil vagas previstas por analistas. Em reação ao dado, Lacker disse que o número de agosto ainda é forte, embora tenha ficado abaixo de 200 mil.

“(O relatório) não muda o quadro da política monetária. Foi um bom relatório”, avaliou.

Antes do indicador, Lacker declarou que um resultado fraco de criação de empregos dificilmente alteraria muito o quadro do mercado de trabalho dos EUA e que os ganhos nesse mercado continuarão sendo o combustível para os gastos do consumidor. Fonte: Dow Jones Newswires.