Luiz Coelho Coutinho, diretor-presidente do Grupo Coutinho, foi reconhecido em duas categorias de Líder Empresarial: Maiores Empresas e Supermercado Varejista. Controlador das redes Extrabom, Extraplus e Atacado Vem, o grupo é um dos maiores empregadores do Espírito Santo, com mais de 6.700 colaboradores e 49 lojas – a mais recente inaugurada em Alto Lage (Cariacica) sob a bandeira Atacado Vem.
Em 2025, a companhia projeta R$ 3 bilhões de faturamento. No horizonte, o plano é acelerar o crescimento: novas unidades em 2026 e, até 2028, chegar a 60 lojas e superar R$ 4 bilhões em receita.
O tema de Líder Empresarial deste ano é “Tradição se renova com excelência”. O que tem de tradição, de renovação e de excelência na sua liderança?
Tradição, para mim, significa preservar os valores e princípios que deram origem à empresa, mantendo viva a missão e o propósito que nos guiam desde a primeira loja. É respeitar aquilo que nos propusemos a fazer lá atrás, garantindo que esses pilares continuem sólidos. Ao mesmo tempo, é essencial olhar para o futuro com visão estratégica, incorporando inovações e acompanhando as transformações do mercado. Renovação é justamente isto: aplicar novas ideias, tecnologias e processos sem perder a essência. Excelência, por sua vez, está em fazer tudo isso com qualidade, ética e compromisso, garantindo que cada decisão reflita nossos valores e gere resultados sustentáveis.
O que você preservou (e ainda preserva) do legado da empresa que você lidera e o que reformulou ao longo do tempo para elevar o padrão?
Preservamos o propósito de ter paixão em servir para encantar o cliente em cada interação, do primeiro ao último atendimento do dia. Esse compromisso é inegociável e envolve toda a equipe, desde quando tínhamos apenas uma loja até hoje, com 49 unidades. Essa cultura de encantamento é o que sustenta nossa trajetória.
Por outro lado, reformulamos processos e estratégias para acompanhar as mudanças do consumidor e superar expectativas. Exemplos disso são a criação do e-commerce, da bandeira Extraplus para atender um público mais exigente (produtos de maior valor agregado) e, mais recentemente, o lançamento do Atacado Vem em 2020, oferecendo preços acessíveis para famílias maiores, pequenos comerciantes e transformadores. Essas inovações reforçam nosso compromisso com evolução sem perder a essência.
Que prática de gestão virou ritual na sua organização e que ajuda a explicar seu reconhecimento como liderança no segmento?
A transparência e a comunicação aberta são práticas que se tornaram rituais. Compartilhamos resultados, estratégias e aprendizados com toda a equipe, garantindo clareza sobre nossos objetivos e fortalecendo o engajamento. Trabalhamos com indicadores por unidade, estimulando a gestão participativa e a responsabilidade compartilhada.
Além disso, atuo de forma ativa em entidades representativas – associações estaduais, nacionais e a federação do comércio –, defendendo o setor e promovendo boas práticas. Essa postura fortalece nossa imagem no mercado e gera respeito entre colegas e parceiros.
Qual risco uma liderança de excelência aceita e qual nunca aceitaria? O que é negociável e inegociável na sua gestão?
Na minha visão, alguns riscos são aceitáveis quando envolvem inovação e crescimento, desde que alinhados aos valores da empresa. Porém há pontos inegociáveis, como ética, transparência e lealdade. Não aceito qualquer prática que comprometa esses princípios.
Também é inaceitável falhar na entrega do que prometemos ao cliente ou desrespeitar nossos stakeholders – colaboradores, fornecedores, comunidade e autoridades. Ganhos fáceis ou atalhos que ferem a ética não têm espaço na nossa gestão. O caminho importa tanto quanto o resultado.
E como você forma líderes abaixo de você? Quais são os critérios e atributos que mais incentiva e desenvolve?
Formamos líderes pelo exemplo e pela vivência diária. Valorizo ousadia nos projetos, clareza na comunicação e humildade para aprender e ouvir. Humildade, aliás, é um valor que trago da minha família e considero essencial para qualquer liderança – lembro-me muito da minha mãe, que criou todos os filhos conversando, ouvindo e orientando. Outro atributo fundamental é a capacidade de desaprender para aprender.
Busco colocar a pessoa certa no lugar certo, considerando competências técnicas e habilidades de relacionamento. Investimos constantemente em qualificação e requalificação, por meio de reuniões mensais, encontros gerenciais e participação em eventos do setor. Incentivo a troca de experiências por meio da Rede Brasil, com visitas a outras empresas para absorver melhores práticas. Liderança é um processo contínuo de desenvolvimento.
Preservamos o propósito de ter paixão em servir para encantar o cliente em cada interação, do primeiro ao último atendimento do dia. Esse compromisso é inegociável e envolve toda a equipe
Qual o papel da liderança para conduzir a empresa e liderados em relação a temas atuais, como ESG, diversidade, saúde mental, gestão pautada nas pessoas…?
O papel da liderança é compreender profundamente esses temas e incorporá-los à cultura organizacional. Cabe ao líder estudar, dialogar e levar esse entendimento às pessoas-chave da empresa, para que possam replicar no dia a dia.
Questões como ESG, diversidade e saúde mental não são modismos, vieram para ficar. Devem ser contempladas no planejamento estratégico, respeitando a realidade da empresa e garantindo equilíbrio entre propósito e resultado. Apoiar iniciativas nessas áreas é essencial, sem perder de vista a responsabilidade de entregar metas e manter a sustentabilidade financeira.
Se você tivesse que ensinar uma única regra de liderança, qual seria?
Respeito. Respeito ao cliente, aos colaboradores, aos fornecedores e à comunidade. É um valor simples, mas poderoso, que sustenta relações saudáveis e resultados consistentes. Liderar com respeito é a base para qualquer outra competência.
