Economia

Mais de 3,7 mil servidores públicos no ES estariam recebendo auxílio emergencial de forma indevida

Valores pagos indevidamente ultrapassam R$ 1,3 milhão. Pagamentos apurados foram realizados no período de abril a setembro de 2021

Mais de 3,7 mil servidores públicos no ES estariam recebendo auxílio emergencial de forma indevida Mais de 3,7 mil servidores públicos no ES estariam recebendo auxílio emergencial de forma indevida Mais de 3,7 mil servidores públicos no ES estariam recebendo auxílio emergencial de forma indevida Mais de 3,7 mil servidores públicos no ES estariam recebendo auxílio emergencial de forma indevida
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCE-ES) e a Controladoria-Geral da União no Estado (CGU/ES) identificam possíveis pagamentos indevidos de auxílio emergencial a 3.735 servidores públicos municipais e estaduais do Espírito Santo, durante este ano. 

O trabalho conjunto realizado pelos dois órgãos constatou que os valores pagos indevidamente totalizariam R$ 1.373.600,00. A verificação dos resultados foi feita por meio de cruzamentos de dados.

Os pagamentos apurados foram realizados no período de abril a setembro de 2021. Os servidores beneficiados indevidamente estavam entre os grupos do Bolsa Família, CadÚnico ou ExtraCad (não inscrito no Cadastro Único).

Diante dos indídios de irregularidades, o TCE-ES e a CGU emitiram uma nota técnica, na qual recomendam ao governo estadual e aos municípios capixabas que alertem seus servidores que as condutas de solicitação e  recebimento do auxílio emergencial, pela inserção ou declaração de informações falsas em sistemas de solicitação do benefício, podem caracterizar infrações disciplinares.

Os dois órgãos também propuseram que seja informado a esses servidores que existe um canal, disponibilizado pelo Ministério da Cidadania, para a devolução de valores eventualmente pagos ou recebidos de forma indevida. O endereço é devolucaoauxilioemergencial.cidadania.gov.br.

O auxílio emergencial foi criado pelo governo federal para fornecer proteção durante o enfrentamento à crise econômica causada pela pandemia da covid-19. Pela legislação, quem possui emprego formal ativo ou vínculo de estagiário está proibido de para receber o benefício.

As parcelas do auxílio emergencial são pagas independentemente de requerimento, desde que o beneficiário atenda aos requisitos estabelecidos.

Tribunal de Contas usou base de dados para análise

Para o desenvolvimento do trabalho, o Tribunal de Contas do Espírito Santo utilizou de sua ampla base de dados, em especial o CidadES – Folha de Pagamento. Nele consta a relação dos servidores públicos do Estado e municípios.

Entre os servidores que teriam recebido pagamentos indevidos, 236 estavam no grupo do Bolsa Família, totalizando R$ 74.450,00; 826 no CadÚnico (total de R$ 353.500,00); e 2.673 no ExtraCad (R$ 945.650,00).

O presidente do TCE-ES, Rodrigo Chamoun, ressaltou que os órgãos de controle estão de prontidão absoluta e preparados tecnologicamente para identificar possíveis desvios referentes aos pagamentos do auxílio emergencial.

“A cooperação entre órgãos de controle é fundamental para combater fraude e corrupção com eficiência”, afirma.

O Superintendente da Controladoria Regional da União no Estado do Espírito Santo, Ricardo Plácido Ribeiro, destacou a exitosa parceria estabelecida entre a CGU e o TCE-ES, que tem viabilizado a realização de trabalhos de auditoria em conjunto e o compartilhamento de informações.

“Este trabalho específico possibilitou que o Ministério da Cidadania pudesse bloquear os pagamentos do auxílio que estavam sendo pagos irregularmente a servidores públicos municipais e estaduais. A exemplo deste trabalho preventivo, as informações repassadas pelo TCE-ES foram tratadas pela CGU e utilizadas nos cruzamentos de bases de dados que subsidiaram os gestores a excluir beneficiários que solicitaram e que não cumpriam os requisitos para receber os auxílios”, ressaltou.

Os CPF e nomes das pessoas envolvidas não serão detalhados, observando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

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