
Presidente da Afecc, mantenedora do Hospital Santa Rita, Marilúcia Dalla foi reconhecida na categoria Hospital Privado de Líder Empresarial. Em 2025, o maior complexo hospitalar do Espírito Santo celebrou 55 anos com conquistas relevantes: ONA Nível 3 – Excelência, quatro categorias vencidas no Excelência em Saúde (Hospital Privado, Maternidade, Oncologia e Radioterapia), inauguração do PET-CT e início das obras do novo pronto-socorro.
Para 2026, estão previstas a quarta casamata de radioterapia e a entrada em operação de um mamógrafo de última geração, ampliando a oferta de serviços de alta tecnologia com base filantrópica e gestão profissional.

O tema deste ano é “Tradição se renova com excelência”. O que há de tradição, renovação e excelência na minha liderança?
Na minha liderança, tradição é sinônimo de propósito inegociável. Preservo o espírito filantrópico que norteia o Hospital Santa Rita desde sua origem: servir à comunidade com humanidade, ética e cuidado integral. Renovação, porém, representa a coragem de transformar métodos sem jamais diluir a missão. Incorporo inovação assistencial, tecnologia e práticas de gestão contemporâneas para que o legado não apenas se mantenha vivo, mas evolua. Excelência, para mim, é a união desses dois eixos – honrar a história enquanto preparo a instituição para um futuro que exige qualidade irrepreensível, responsabilidade social e visão estratégica.
O que preservou do legado e o que reformulou para elevar o padrão?
Preservo o valor da compaixão, o compromisso com atendimento digno a todos e a defesa da transparência na administração dos recursos. Preservo também a institucionalidade – decisões que priorizam o coletivo antes do individual.
O que reformulei foi a forma de gerir pessoas e processos. Trouxe indicadores robustos, governança responsável, cultura de prestação de contas, protocolos clínicos alinhados às melhores práticas nacionais e até internacionais e um modelo de liderança mais participativa, capaz de empoderar equipes e acelerar melhorias. A filantropia segue intacta; a profissionalização, essa sim, foi elevada a um novo patamar.
Que prática de gestão virou ritual e ajuda a explicar nosso reconhecimento?
O que se tornou um ritual – quase sagrado – é a ronda de liderança. Sempre percorro setores ao lado das gerências para ouvir pacientes, colaboradores e voluntários. Essa prática aproxima, cria confiança, revela necessidades antes de se tornarem problemas e reforça a cultura de que liderar é, antes de tudo, servir. Esse gesto simples, porém consistente, traduz nossa identidade: presença, escuta e ação.

Qual risco uma liderança de excelência aceita e qual jamais aceitaria? O que é negociável e inegociável?
Uma liderança de excelência aceita o risco de mudar – de desafiar processos antigos, repensar estruturas e adotar soluções inovadoras, mesmo quando elas exigem esforço e desconforto. Aceita também o risco de errar tentando fazer melhor.
Mas jamais aceita riscos que coloquem em jogo a segurança do paciente, a ética institucional ou a confiança pública. Compromissos que envolvem integridade, qualidade assistencial e respeito às vidas sob nossos cuidados não são negociáveis. Em minha gestão, o que é negociável são métodos; o que é inegociável são valores.
Como formo líderes abaixo de mim?
Formo líderes por meio de três pilares: consistência ética (caráter antes da competência), capacidade de decisão responsável (autonomia com accountability) e visão humana – gerir pessoas com empatia, firmeza e justiça.
Estimulo líderes que questionem com inteligência, que saibam ouvir antes de falar, que tenham coragem para sustentar decisões difíceis e humildade para rever rumos quando necessário. Invisto em educação continuada, mentorias e projetos estratégicos que exponham novos talentos a desafios reais.
Sempre percorro setores ao lado das gerências para ouvir pacientes, colaboradores e voluntários. Essa prática aproxima, cria confiança, revela necessidades antes de se tornarem problemas
Qual o papel da liderança diante de temas como ESG, diversidade, saúde mental e gestão baseada em pessoas?
A liderança deve ser o exemplo, não o espectador. Em uma instituição de saúde, esses temas não são tendências; são obrigações morais. Meu papel é garantir que o Hospital Santa Rita seja ambientalmente responsável, socialmente inclusivo e administrado com governança transparente – e que a saúde mental das equipes esteja protegida. Gestão centrada em pessoas não é discurso, é modo de operar.
Se tivesse que ensinar apenas uma regra de liderança, qual seria?
Lidere com consciência de legado: tudo o que você decide deve honrar o passado, servir o presente e abrir caminho para que o futuro seja maior do que você.