Economia

'Não sei onde os preços dos alimentos caíram', reclama gerente predial

‘Não sei onde os preços dos alimentos caíram’, reclama gerente predial ‘Não sei onde os preços dos alimentos caíram’, reclama gerente predial ‘Não sei onde os preços dos alimentos caíram’, reclama gerente predial ‘Não sei onde os preços dos alimentos caíram’, reclama gerente predial

São Paulo – O gerente predial Edivaldo Grosso, de 63 anos, encaixa-se perfeitamente no perfil “clássico” do consumidor da classe C. Ao lado da esposa, que trabalha como auxiliar de serviços gerais, ele contabiliza uma renda total de R$ 3 mil em sua residência. Apesar de ele a mulher estarem empregados, a alta do custo de vida nos últimos anos fez a família “cortar tudo o que é supérfluo”.

“Eu não sei onde os preços dos alimentos caíram. Eu, toda vez que vou ao supermercado, acho tudo mais caro”, diz Edivaldo. Outro vilão do orçamento, segundo ele, é o preço do gás de cozinha, que está perto de R$ 100 no bairro onde mora, na região do Jabaquara, zona sul de São Paulo.

Os gastos fixos da casa – onde vivem Edivaldo, a esposa e uma filha já adulta – se resumem à compra de comida e ao abastecimento do carro. “Eu tenho carro porque preciso para o meu trabalho”, explica. Os tempos de compras e trocas de eletrodomésticos ficaram para trás, até porque Edivaldo tem dois cartões de crédito que foram bloqueados. “Hoje eu pago o acordo que fiz com o banco. Enquanto não pagar, não tenho crédito.”

Quando precisa de dinheiro extra, precisa recorrer à família. “Tenho mais dois filhos casados. E aqui é assim: às vezes o pai ajuda o filho, às vezes o filho ajuda o pai.” Edivaldo não tem nenhuma compra programada para 2018. “Tenho televisão e computador, mas a gente não pensa em comprar modelos novos. Se quebrar, vamos mandar consertar. Se não tiver conserto, espera a hora de conseguir comprar.”

Quanto às opções de diversão, a residência de Edivaldo – que não paga aluguel, pois a esposa herdou o imóvel onde a família mora – tem pacote de internet de 1GB (o mais barato disponível no mercado), TV a cabo básica e assinatura do Netflix. “Essas são coisas mais para a minha filha. Eu só uso a internet para ver o Facebook.”

Chegando aos 64 anos, Edivaldo se movimenta também para requerer a aposentadoria no ano que se inicia. “Mas eu vou continuar a trabalhar, mesmo que em um ritmo mais sossegado”, diz o gerente predial. “Senão as contas não fecham”, finaliza.

IBGE

Ainda que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tenha apurado um crescimento da economia nos últimos trimestres e detectado uma deflação de 4,6% no preço dos alimentos entre janeiro e outubro deste ano, esses indícios de melhora econômica não foram percebidos pelas classes C e D, segundo pesquisa realizada pelo instituto Plano CDE, especializado no comportamento de consumo das famílias de baixa renda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.