Economia

Octavio de Barros acredita que não é momento para substituir Tombini no BC

O diretor do Departamento de Pesquisas Macroeconômicas do Bradesco, Octavio de Barros, afirmou que não vê de forma positiva uma eventual mudança no comando do Banco Central

Redação Folha Vitória
Foto: ​Divulgação

São Paulo, 16 - O diretor do Departamento de Pesquisas Macroeconômicas do Bradesco, Octavio de Barros, afirmou nesta quarta-feira, 16, que não vê de forma positiva uma eventual mudança no comando do Banco Central (BC). Ele sinaliza que a mudança seria inapropriada porque ocorreria justamente no momento em que aumenta significativamente a chance de a autoridade monetária entregar a inflação em 6,5% neste ano e bem próximo do centro da meta (4,5%) em 2017.

"Seria indesejável qualquer interrupção no plano de voo do BC atualmente", disse Barros, após ter participado de reunião do Conselho Superior de Economia (Cosec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), presidido pelo ex-ministro da Fazenda, Delfim Netto. "Acho que as chances de o BC ficar no limite da meta este ano e chegar aos 4,5% no ano que vem aumentaram muito. É claro, evidentemente, que isso vai depender do cenário do novo câmbio que estamos agora, de R$ 3,65 no fim do ano", complementou Barros. O economista acrescentou que a desaceleração da inflação se dará a reboque da redução dos preços dos alimentos e da mudança, em abril, da bandeira de energia elétrica para a cor verde.

Desde ontem, começaram a ventilar nos bastidores de Brasília a possibilidade de substituição do presidente do BC, Alexandre Tombini. O movimento teria origem na chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Casa Civil do governo Dilma.

O diretor do Bradesco disse não saber o que vai acontecer de fato, mas salientou que tem claro que uma interrupção no atual trabalho do BC não seria boa. Ele concorda com o ex-diretor de Política Monetária do BC Carlos Thadeu de Freitas de que o problema é de âncora fiscal e não monetária, o que não justificaria a troca do comando do BC agora. "Eu também acho que o desafio é eminentemente fiscal, que o BC está fazendo um trabalho de muita habilidade e que eles vão acabar ganhando essa batalha da convergência da inflação em 2017. Se não para o centro exato da meta, para um número bastante próximo", disse.

No Bradesco, de acordo com o diretor de pesquisas Macroeconômicas, espera-se que o BC comece a cortar juro a partir da reunião do Copom marcada para 20 de julho. A expectativa é de que a partir do Copom de julho a Selic sofra quatro cortes de 0,5 ponto porcentual, passando de atuais 14,25% ao ano para 12,25% ao ano no final de 2016.

Barros repetiu por várias vezes durante a entrevista que não acredita em uma guinada na política econômica e que o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, vai continuar com sua agenda voltada à questão do teto para crescimento dos gastos públicos. Para ele, nas negociações das dívidas com os Estados, as contrapartidas estão ficando muito claras, o que é positivo para a política fiscal.

O economista também descarta o cenário de vendas de reservas internacionais. "Não acredito nisso. As reservas são muito importantes para o País e o uso delas é complicado. Qualquer uso de reservas para expandir gastos terá impacto fiscal", previu.

O ex-ministro Delfim Netto, perguntado sobre o que achava da possibilidade de o governo trocar o presidente do BC com a chegada de Lula na Casa Civil, limitou-se a responder que a possibilidade de tal mudança "só pode ser brincadeira".

Pontos moeda