Paralisação dos caminhoneiros

Economia

Decreto e negociações querem garantir alimentação para animais no ES

O governo assinou um decreto que solicita a liberação de farelo de soja estocado no Porto de Tubarão, em Vitória.

Após uma reunião, realizada na sede da Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo, na manhã desta terça-feira (29), os caminhões que seguiam em comboio em busca de insumos em Uberlândia (MG) e foram impedidos em um ponto de manifestação em Brejetuba, na região serrana do Estado, retornaram vazios na manhã desta terça-feira. Há a expectativa de que os caminhões possam seguir viagem. O encontro reuniu autoridades e representantes do grupo de manifestantes que realizam a paralisação há nove dias no Estado.

O comboio, formado por 47 carretas, seguia escoltado por viaturas da Polícia Militar nesta segunda-feira (28), quando foram interceptados por caminhoneiros manifestantes na cidade de Brejetuba, região serrana do Estado. As carretas foram enviadas para buscar milho e farelo de soja para servir de alimentação para galinhas e porcos de diversos criadouros do Espírito Santo.

Paralelamente, o Governo do Estado conseguiu a liberação de dois depósitos na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que possuem 6 mil toneladas de milho e farelo de soja, estocados nas cidades de Cachoeiro de Itapemirim e Colatina, que atendessem emergencialmente.

Outra medida adotada pelo governo foi um decreto, assinado pelo governador Paulo Hartung, que solicita a liberação de cerca de 40 mil toneladas de farelo de soja estocadas em galpões do Porto de Tubarão, em Vitória. O estoque pertence à empresas privadas, mas o governo se dispõe a negociar.

Negociação

Sobre as carretas bloqueadas em Brejetuba, o secretario de Segurança Pública, Nylton Rodrigues, afirmou que, na segunda-feira, a Polícia Militar fez a escolta de 47 carretas que trariam ao Estado insumos para produção de ração. Em um ponto de manifestantes, os caminhões foram impedidos de passar.

Segundo o secretário, a Polícia Militar imediatamente iniciou negociações, que não evoluíram. Sendo assim, a Companhia Independente de Missões Especiais foi acionada e se posicionou para desobstruir a manifestação, uma vez que, segundo o secretário, há o risco de uma possível morte de 30 milhões de aves. Porém, os caminhoneiros que estavam sendo escoltados, ao perceberem que a Polícia Militar faria uso de força, decidiram retornar antes da PM atuar. 

Via Ferroviária

Outra alternativa para que os insumos cheguem ao Espírito Santo é a via ferroviária. Os representantes do governo informaram que 40 vagões estão disponíveis para trazer os alimentos, caso necessário. As negociações para a liberação das carretas continuam. "Foi uma conversa muito bem sucedida. Agora, na parte da tarde, um grupo estará indo aos pontos para retomar o diálogo e abrir o comboio ao Brasil Central", destacou o secretario da Segurança Pública.

Segundo o secretário da Agricultura, Ideraldo Lima, o risco de mortandade já é uma realidade no Estado. "Não tempos em nossa produção o milho e o farelo de soja. Cerca de 30 milhões de aves e 150 mil suínos precisam ser alimentados no Espírito Santo. Se não cuidarmos, o prejuízo vai ser ainda maior ao longo do tempo", disse.

Já o presidente da Associações dos Avicultores e de Suinocultores do Espirito Santo (Aves), Nélio Hand, destacou que o trabalho prioritário precisa ser feito com os criadores que já sofrem com os prejuízos. "Conseguimos realocar algumas aves para não haver sacrifícios. Somando as sobras, os ovos e o que se perdeu na estrada, estima-se um prejuízo de cerca de R$ 50 milhões", calcula.

Agricultura

A Faes (Federação de Agricultura e Pecuária do ES) informou que as perdas do setor agropecuário capixaba já são incalculáveis devido à paralisação dos caminhoneiros. Hoje, no Espírito Santo, 30 milhões de aves, 150 mil suínos e a nossa significativa produção aquícola, estão sem alimentação por falta de abastecimento de rações. 

Segundo a federação, mais que a escassez de produtos nas gôndolas dos supermercados, como folhosas, legumes, frutas e verduras acarretando alta significativa de preços dos alimentos, com a agravante paralisação com risco sanitário, ao meio ambiente e à saúde pública.

A Federação de Agricultura disse que apoia as reivindicações originais do movimento dos caminhoneiros por entendê-las necessárias ao debate de melhorias para todo Brasil, mas pede a urgente sensibilização e a responsabilidade no sentido da liberação das cargas essenciais e perecíveis, o que não vem acontecendo de forma uniforme, apesar das negociações.

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