Economia

Inovação Aberta: como a nova forma de inovar está mudando cenários

Cada vez mais, empresas estão abrindo os muros para se conectar com startups, universidades, centro de pesquisas, fundo de investimentos, governos

Foto: Divulgação / Pexel

Nos últimos séculos, observamos cada vez com mais frequência revoluções tecnológicas e o surgimento de novas ideias, principalmente dentro da indústria e do mercado. A Inovação Aberta é uma dessas novas ideias que surgiu da necessidade se substituir o modelo antigo e, considerado por muitos especialistas, falho, aplicado dentro das empresas.

Tradicionalmente, o desenvolvimento e o marketing de novos produtos eram feitos dentro de limites estritos. Poucas décadas atrás, grandes empresas tinham seus centros de pesquisa e desenvolvimento e inovação muito sigilosos, sustentados por verbas estratosféricas.

Esse cenário não dava retornos sustentáveis e apenas uma pequena quantidade de produtos realmente tinham sucesso no mercado, enquanto a maioria das tecnologias e produtos desenvolvidos eram descartados ou usados por outras empresas que não tiveram nada a ver com toda a pesquisa.

"O mundo corporativo ainda é muito fechado, com uma série de barreiras criadas para proteger a empresa, como os setores jurídicos e de compliance. Eles sempre foram importantes para que a empresa se tornasse sólida e sobrevivesse ao mercado. Mas essas mesmas estruturas de proteção que dificultam essa abertura que estamos falando", aponta Alexandre Mosquim, um dos entusiastas do Open Innovation BR.

Para o economista e professor Mário Vasconcelos, inovação aberta significa abrir os muros da empresa para se conectar com startups, universidades, centro de pesquisas, fundo de investimentos, governos. 

"A riqueza que inovação aberta traz é grande. A partir do momento que você abre os muros das empresas e consegue trazer todos esses atores para colaborar em relação a soluções, você cria uma organização mais fluida, rápida e preparada para esse mundo em transformação. E fazendo isso, a empresa se torna o ecossistema. Criando essas conexões, ela gera valor não apenas para si, mas também para a sociedade como um todo", avalia o professor.

Foto: Divulgação

Mas a inovação não está focada apenas no ambiente interior. Ela deve ajudar na criação de parcerias e no atendimento ao cliente. “As startups tem também a missão de contribuir no desenho da jornada, a reduzir custo e até a aumentar as vendas”, disse o economista.

Uma das maiores barreiras para o ingresso do ambiente de inovação dentro de uma organização ainda é a cultura de empresa. "Muita das vezes, a empresa ainda não está preparada para se relacionar com esses novos parceiros, com os atores do ecossistema de inovação. Apesar de você ter uma área que acredita muito na inovação aberta, que traz uma startup para trabalhar e essa conexão gera um resultado grande para empresa. Mas quando vamos escalar isso para o resto da empresa, enfrenta-se resistência em entender essa nova realidade", afirma Mário Vasconcelos.

Open Innovation Brasil

Criado há dois anos em um grupo de Whatsapp, inicialmente, os integrantes compartilhavam experiências de sucesso e também os fracassos no processo de inovação. A iniciativa deu certo e cresceu em número de colaboradores e também propósito. Hoje, estabelecida na plataforma Slack, possui mais de mil colaboradores e acadêmicos que estimulam a inovação aberta em empresas estabelecidas e organizações.

“Nosso propósito é impactar, alavancar e transformar. Para isso, temos feito encontros em todo Brasil, nos quais formamos um time para influenciar positivamente o ecossistema local e o global”, explica Alexandre Mosquim, um dos fundadores do movimento.

Ambiente de inovação na indústria

Encontrar parcerias para soluções mais eficientes na cadeia de valor e de produção no segmento de aços. Esse são alguns dos objetivos do iNO.VC, programa de inovação digital lançado pela ArcelorMittal Tubarão que chega para fortalecer e gerar oportunidades para o ecossistema de inovação capixaba. A inauguração aconteceu na unidade de Tubarão, localizada no município da Serra, no Espírito Santo, e contou com a presença de lideranças e diversos representantes de startups.

O lançamento do programa foi marcado pela entrega de um espaço físico que dará suporte para o desenvolvimento de atividades que busquem soluções para as unidades do segmento de Aços Planos de Tubarão, Vega (SC) e Contagem (MG). O espaço que abrigará as atividades do Programa iNO.VC é todo revestido em aço e fica localizado em meio à área administrativa da empresa, próxima ao Restaurante. Com ambientes amplos, móveis descontraídos e elementos coloridos, o layout do espaço foi configurado para agregar beleza e criatividade, aumentando assim a interação e a criatividade dos seus usuários.

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Foto: Breno Ribeiro
Ambiente de inovação instalado na ArcelorMittal Tubarão, na Serra. 

O iNO.VC vai atuar como plataforma de colaboração com o objetivo de conectar o segmento de aços planos às redes de universidades, iniciativas e startups. “Esse programa foi criado para que a gente possa associar as nossas inovações tecnológicas ao ecossistema do Espírito Santo, bem como em Santa Catarina e Minas Gerais. O sistema foi implementado aqui no Espírito Santo, porque, apesar da proximidade com o Findes LAB, nós não tínhamos o nosso local específico para os planos e faltava isso aqui“, explica Paulo Wanick, diretor de Finanças, Riscos & Tecnologia da Informação da ArcelorMittal.

Wanick fala como as startups, universidades e demais iniciativas podem participar do programa. “O ecossistema de inovação terá diversas formas de apresentação de ideias para os nossos desafios. Disponibilizaremos no site, nas redes sociais e também faremos workshops, trazendo nossas dores e demandas, para que o ecossistema entenda e apresente soluções que venham de encontro com as nossas necessidades”, afirma.


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