Economia

'Para surtir efeito, medidas precisam ser adotadas logo', diz consultor sobre consumo de energia

Para o diretor-presidente da consultoria PSR, Luiz Augusto Barroso, medidas devem ser tomadas logo para se evitar um possível racionamento

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Foto: Divulgação

O diretor-presidente da consultoria PSR, Luiz Augusto Barroso, diz acreditar que as medidas de redução voluntária de energia precisam ser tomadas o mais rápido possível para surtir efeito e evitar um racionamento. Para ele, um programa de pagamento para redução voluntária é uma boa alternativa.

Poderíamos ter evitado chegar nesse ponto ou vamos continuar sendo reféns da hidrologia?

Chegamos aqui pela falta de informação correta e ferramentas computacionais melhores para que o planejamento e a operação possam fazer seu trabalho. Também pela dificuldade de governança e capacidade do setor de cumprir as próprias regras. Esses problemas são conhecidos e vêm sendo endereçados desde 2016. Dessa crise atual temos muito a aprender. A governança da utilização da água e seu valor econômico para os diferentes usos é fundamental. Isso pode redefinir a disponibilidade hídrica atualmente considerada pelo setor elétrico, que é uma informação fundamental para o planejamento. A resiliência do sistema a eventos severos entrará nos critérios de planejamento. Isso significa mais diversificação da matriz.

Em 2001, o racionamento começou em junho. Não era o caso de, pelo menos, ter uma campanha mais ampla de conscientização da população?

A decisão de decretar um racionamento é muito difícil tecnicamente, pois como tem de ser tomada com antecedência há uma grande incerteza sobre o que pode ocorrer. Por exemplo, quando a decisão de decretar o racionamento em 2001 foi tomada, não se sabia como as chuvas seriam no ano. Se tivéssemos uma “bola de cristal” o racionamento poderia ter sido menor, pois a hidrologia que de fato ocorreu não foi ruim. Mas decidir não racionar sem saber o que ia acontecer teria sido errado, pois se a hidrologia fosse ruim o impacto para a sociedade teria sido catastrófico. Em 2021 o governo também tem de tomar uma decisão sob incerteza, mas desta vez o leque de opções físicas e de governança é mais amplo do que decretar ou não um racionamento. Mas concordamos que, tal como feito em 2001 e também em 2017, uma campanha de conscientização é fundamental.

O governo está demorando para reagir ao problema?

O governo está trabalhando em várias frentes, com alguns resultados concretos e outros começando a aparecer. As medidas precisam funcionar com urgência, pois a cada dia de atraso o efeito das mesmas na mitigação dos riscos de suprimento diminui.

Como evitar um racionamento?

Para evitar corte compulsório, o sistema precisa de recursos para equilibrar a oferta e a demanda. Esses recursos podem ser a combinação de nova geração, aumento da transferência do Nordeste e redução voluntária de demanda. No caso da demanda, o aumento do PLD (preço à vista) já serve como incentivo. O programa de redução da indústria deveria ser implementado o mais rápido possível. Mas ainda é necessário definir um mecanismo de formação de preço e de compra da energia. Acredito que um programa mais amplo, que atinja todos os consumidores, como pagamento por redução voluntária, é a forma mais rápida de trazer equilíbrio ao sistema.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.