
Não é de hoje que os consumidores percebem que o preço dos carros novos no Brasil subiram de forma exponencial. Hoje um carro zero quilometro custa em média R$ 152 mil. Ao mesmo tempo, a renda média do brasileiro de R$ 3,4 mil subiu bem pouco nos últimos anos. Mas e o preço dos carros?
Se por um lado a inflação em cinco anos chegou a 30% de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) o valor dos carros subiu bem acima disso. Antes de mostrarmos o porquê disso ter acontecido é preciso fazer a comparação.
O estudo de evolução dos veículos da Bright Consulting mostra que preço médio dos carros no Brasil foi de R$ 70.990 em 2016 e hoje já superou R$ 152 mil. Confira alguns exemplos:
* Fiat Mobi: custava a partir de R$ 41.924 em 2020. De lá para cá até atualizou o motor 1.0 Fire para 1.0 Firefly mas se manteve na mesma geração, ganhou um “DRL” halógeno, controles de tração e estabilidade que são obrigatórios e hoje o mesmo carro parte de R$ 80.990. É quase o dobro do preço em cinco anos.
* Chevrolet Onix LT 1.0: a versão de entrada com motor 1.0 aspirado Ecotec custava R$ 54.129. Hoje com uma pequena reestilização e os mesmos equipamentos e motor de 2020 sai por R$ 99,9 mil.
* Renault Kwid Zen 1.0SCe. O subcompacto saia por R$ 41 mil na versão Zen com rádio, direção elétrica e vidro elétrico dianteiro além de ar condicionado. Reestilizado para a linha 2023, o Kwid mudou o visual mas hoje esse mesmo carro sai por R$ 72.640, um aumento superior a R$ 30 mil reais.
* Hyundai HB20 Comfort 1.0. A versão básica do HB20 em 2020 custava R$ 46.490. Hoje o modelo de entrada custa R$ 95,2 mil. Em ambos os casos o motor também não mudou e segue sendo 1.0 Kappa de 80cv e câmbio manual sem qualquer mudança nos últimos cinco anos.
Por que mais caros?
Vale lembrar que nestes últimos cinco anos, durante a pandemia, o preço dos insumos como o aço e também o transporte nunca mais voltaram aos patamares anteriores. Além disso, no Brasil, novas regras de emissões entraram em vigor, bem como a obrigatoriedade de novos itens de segurança.
Nos últimos cinco anos os controles de tração e estabilidade passam a ser obrigatórios, encarecendo o preço dos automóveis novos. Além disso, mesmo que mantenha os mesmos motores, alguns ajustes foram feitos, o que, segundo as montadoras, demanda investimento.
Assim, no segmento de entrada, cada vez mais as marcas buscam produzir veículos mais caros como forma de rentabilizar sua operação. Até por isso o segmento de entrada vem sumindo do mapa das montadoras o que também ajuda a jogar o preço lá em cima.