Economia

Queda no poder de compra preocupa incorporadoras

Queda no poder de compra preocupa incorporadoras Queda no poder de compra preocupa incorporadoras Queda no poder de compra preocupa incorporadoras Queda no poder de compra preocupa incorporadoras

São Paulo – A diminuição no poder de compra não impediu o crescimento do mercado imobiliário nos últimos anos. Para compensar a escalada dos preços, as incorporadoras passaram a lançar apartamentos menores e em bairros mais distantes. A estratégia garantiu a continuidade das vendas até aqui, mas especialistas alertam que a validade dessa estratégia está expirando, pois o preço dos imóveis já ficou inviável para muitos consumidores.

“A evolução da renda e do crédito não acompanhou o preço do imóvel, que já é considerado caro”, afirmou o presidente da imobiliária Brasil Brokers, Sérgio Freire.

Do ponto de vista de produto, Freire sinaliza que as incorporadoras tiveram sucesso nos ajustes para atender à demanda. Os novos apartamentos não têm mais cômodos grandes, mas em contrapartida o condomínio ganhou cozinha gourmet, brinquedoteca, lavanderia e sala de ginástica, por exemplo. “Os moradores ainda podem dar uma festa para vários convidados mesmo morando num apartamento pequeno”, comentou.

Freire disse que o ajuste no produto pode não ser o bastante para atender a demanda, que foi afetada pela disparada nos preços. “A vontade da população em comprar um imóvel continua, mas a renda não acompanhou a vontade.”

Esse descolamento é evidenciado pelo alto volume de cancelamentos de vendas reportado pela maioria das grandes incorporadoras. Em 2013, os distratos de PDG, Gafisa, Tenda, MRV, Brookfield e Tecnisa juntas totalizaram R$ 5,8 bilhões. O cancelamento ocorre porque o cliente deixou de ter a renda necessária para assumir o financiamento bancário para quitar a unidade adquirida na planta.

Para Rubens Menin, presidente da Associação Brasileira das Incorporadoras (Abrainc), que reúne as 19 maiores companhias do setor, o grande desafio está em cortar tamanho e mexer na localização dos imóveis para adequá-los ao bolso dos consumidores. “Faltam bons terrenos para manobra nos grandes centros. Então, quanto maior a cidade, mais dramático fica o lançamento de novos projetos. Nas cidades de menor porte, isso é mais tranquilo”, disse Menin, que também é presidente do conselho de administração da MRV.

Ele estimou que os preços ainda vão subir por causa do aumento dos custos da construção. E acrescentou que as incorporadoras tendem a repassar esses custos aos consumidores, pois suas margens de rentabilidade ainda estão se recuperando dos prejuízos com atrasos de obras e estouros de orçamentos nos últimos anos. “As empresas não têm margem para segurar os preços.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.