Economia

Setor de factoring busca mudar imagem no País

O segmento pretende investir para ampliar a base de clientes, que atualmente está em 150 mil médias e pequenas empresas espalhadas por todo País

Setor de factoring busca mudar imagem no País Setor de factoring busca mudar imagem no País Setor de factoring busca mudar imagem no País Setor de factoring busca mudar imagem no País
Foto: Divulgação

São Paulo – Apesar da fraqueza econômica, o setor de factoring deve fechar 2014 com um faturamento de R$ 100 bilhões, mesmo valor registrado no ano passado, quando o PIB cresceu 2,5%. O segmento pretende investir para ampliar a base de clientes, hoje em 150 mil médias e pequenas empresas espalhadas por todo País. Quer também mudar a imagem distorcida que colou no setor no Brasil, segundo a qual factoring é agiotagem e trabalha sempre com empresas falidas. Entre várias coisas, foi o que disseram durante entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, os presidentes da Associação Nacional de Factoring (Anfac) e da Brasil Factors, Luiz Lemos Leite e João Costa Pereira, respectivamente.

Originária dos Estados Unidos do século XIX, no Brasil o factoring começou em 11 de fevereiro de 1982, quando Lemos se aposentou no cargo de diretor da Área de Mercados de Capitais do Banco Central (BC). Posteriormente, o setor foi reconhecido pelo Banco Central como uma atividade mercantil. As factorings não podem captar recursos, mas somente trabalhar com pessoas jurídicas (empresas) e tomar apenas efeitos mercantis (direitos de crédito mercantis). Primordialmente, a atividade de factoring consiste na compra, à vista, de recebíveis de médias e pequenas empresas. A cada compra é aplicado uma taxa de deságio que varia de empresa para empresa. Este deságio é chamado de Fator Anfac e é atualizado e publicado mensalmente pelos principais jornais do País.

O último Fator Anfac, uma média das taxas de deságios para todo o setor e para todo o País, foi publicado esta semana e atingiu 3,96% ao mês. Na Brasil Factors, segundo Costa Pereira, a média é de 2,20%, podendo ser inferior ou superior a esta taxa dependendo do perfil da empresa cliente que ceder a sua carteira de recebíveis. “Na minha empresa, a nossa taxa máxima não passa de 3%”, ressaltou o executivo.

O sistema de factoring no Brasil convive com uma taxa de inadimplência de 4% ao ano. Para o presidente da Anfac, trata-se de uma taxa baixa porque a partir do momento em que uma empresa se torna cliente de uma factoring, ela passa a ter sua vida acompanhada. “Sabe porque é baixo, ao contrário do banco? Porque como a factoring tem uma característica própria, no momento em que a empresa passa a ser nossa cliente, passamos a fazer um acompanhamento da vida dela. Então eu só vou comprar aquela duplicata ou título de crédito se eu tiver a absoluta certeza de que o sacado é bom. Se não, eu não compro”, disse, explicando que o banco está confiando no cedente e não no sacado.

O setor não fechou ainda as previsões para 2015, mas trabalha, intuitivamente, com alguma queda no faturamento, já considerando os ajustes pelos quais a economia deverá passar no próximo ano. Mas o setor vê com otimismo as escolhas de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e Nelson Barbosa para o Planejamento. “Se (a presidente) Dilma delegar poder, a gente pode ter algum êxito. Mas como o PIB vai crescer em torno de 1% no ano que vem, teremos que segurar um pouco”, disse Lemos.