
O setor de rochas naturais brasileiro intensificou sua mobilização contra a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos às exportações do segmento. A medida, que afeta principalmente o Espírito Santo, responsável por 95% dos embarques nacionais, motivou uma série de ações estratégicas programadas para esta semana em diferentes frentes: no governo estadual, em Brasília e no exterior.
Espírito Santo
Na segunda-feira (28), o governo do ES promove uma reunião com representantes do setor, coordenada pelo vice-governador Ricardo Ferraço. O encontro contará com a presença de lideranças da Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas) e do Sindicato das Indústrias de Rochas Ornamentais, Cal e Calcário do ES (Sindirochas).
De acordo com o Centrorochas, mais de 1.140 contêineres não embarcaram apenas em julho, gerando um prejuízo estimado de US$ 38 milhões (R$ 212,42 milhões) para o Estado.
Durante a reunião, serão apresentados os desdobramentos das articulações com entidades dos EUA, como o Natural Stone Institute (NSI) e a National Association of Home Builders (NAHB), que vêm manifestando preocupação com os impactos da tarifa sobre a construção civil americana.
Brasília
Ainda na segunda-feira, representantes do Centrorochas participam, a convite do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, da Cerimônia de Sanção da Lei do Programa Acredita Exportação, no Palácio do Planalto. A solenidade contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Washington
A mobilização internacional terá como ponto alto a reunião oficial na Embaixada do Brasil em Washington, agendada para a sexta-feira (1º de agosto). Na ocasião, o Centrorochas entregará uma carta à NAHB reforçando os efeitos negativos da tarifa sobre o custo da construção civil nos EUA.
O evento contará com a presença da embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti, da imprensa local, de representantes do NSI e da NAHB. Além disso, tem apoio do deputado federal Evair de Melo e do embaixador do Brasil no Canadá, Carlos França.
Impacto no mercado americano
De acordo com um relatório preliminar da NAHB, a tarifa pode elevar ainda mais os custos da construção nos EUA. Atualmente, 85% da pedra natural consumida no país é importada, sendo o Brasil o maior fornecedor, com 22,6% de participação. Os materiais brasileiros tem utilização em bancadas e acabamentos, e os EUA não possuem produção doméstica suficiente para suprir a demanda.
A medida pode impactar diretamente mais de 12 mil fabricantes, 500 distribuidores e 200 mil empregos em solo americano.
Além disso, o documento aponta que o custo dos materiais de construção nos EUA já subiu 41,6% nos últimos cinco anos, superando a inflação no período. A nova tarifa tende a agravar esse cenário, interrompendo cadeias de suprimento e afetando a indústria da construção como um todo.
Dados do setor
O setor de rochas naturais emprega cerca de 480 mil pessoas direta e indiretamente. Em 2024, o setor exportou US$ 1,26 bilhão (R$ 7,043 bilhões), um crescimento de 12,7% em relação a 2023. Os EUA responderam por 56,3% das exportações.
No primeiro semestre de 2025, as vendas para o mercado norte-americano alcançaram US$ 426 milhões (R$ 2,38 bilhões), um crescimento de 24,6% frente ao mesmo período do ano anterior. Ou seja, um recorde histórico para o setor.