Economia

Setores econômicos do ES reagem ao tarifaço e à lista de exceções

Efeitos das taxas foi discutido pelo Comitê de Enfrentamento das Consequências do Aumento das Tarifas de Importação (CETAX)

Leitura: 4 Minutos
Exportações do ES para os EUA
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória e Reprodução/Instagram

Com a assinatura do decreto que oficializa as tarifas de 50% aos produtos do Brasil aplicadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira (30), líderes dos setores econômicos impactados no Espírito Santo buscam soluções para a medida.

Na tarde desta quarta (30), o Comitê de Enfrentamento das Consequências do Aumento das Tarifas de Importação (CETAX) se reuniu para discutir os efeitos da lista de exceções que isentou alguns produtos importantes para o Estado, mas manteve outros, como o café.

Para Paulo Baraona, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes), o setor industrial foi “positivamente surpreendido” em alguns segmentos, mas a preocupação e discussão sobre consequências e soluções continuam.

“Nós estamos, assim, surpreendidos. Essa reunião tinha sido marcada anteriormente com o nosso vice-governador, e as notícias são muito dinâmicas. Estivemos, segunda (28) e terça-feira (29), em Brasília discutindo exatamente alternativas, e, de repente, a gente é positivamente surpreendido em alguns setores. Então, estamos analisando”.

A isenção de tarifas para alguns itens como o aço, a celulose e o quartzito também foi bem recebida pelo setor de rochas naturais.

O superintendente da Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas), Giovanni Francischetto, explicou que o quartzito representa 40% das chapas capixabas exportadas para os EUA e, no Brasil, as exportações do mineral têm apresentado um crescimento significativo, atingindo um recorde de US$ 599,6 milhões em 2024.

Mesmo com a isenção, os impactos para o setor preocupam, visto que grande parte do que é exportado pelo Estado vai para o país norte-americano:

“Minimiza, mas não resolve o nosso problema. A tarifação é muito danosa para o setor de rochas: 56% do total que é exportado vai para os Estados Unidos. E do industrializado, que são as chapas polidas, 80% vão para os Estados Unidos”.

Segundo ele, a lista de exceções ainda está sendo analisada para que o impacto financeiro para o setor seja calculado.

“A gente está depurando toda a carta emitida pela Casa Branca e vamos repensar o impacto. Mas estávamos esperando a isenção total (para o setor de rochas)”.

Taxação do café para economia dos EUA

O café é um dos produtos que não está incluído na lista de exceções para as tarifas, mas, como o Brasil é o principal fornecedor do produto aos EUA, o presidente do Conselho Deliberativo do Cecafé, Marcio Cândido Ferreira, afirma que segue em contato com instituições americanas para reverter o cenário desfavorável.

“Na relação comercial cafeeira entre EUA e Brasil, as nações são imprescindíveis uma à outra, uma vez que os cafés brasileiros representam uma fatia superior a 30% do mercado cafeeiro norte-americano, sendo o principal fornecedor ao país, ao passo que os EUA respondem por 16% das exportações do produto nacional, sendo o principal destino de nossas exportações”.

Segundo informações da coluna Agro Business, os Estados Unidos são o segundo maior comprador do café produzido no Espírito Santo, importando 186.452 sacas no primeiro semestre de 2025. O número é equivalente a 11,4% das exportações do Estado.

Por esta codependência dos mercados, o vice-governador do Estado, Ricardo Ferraço (MDB), acrescenta que o impacto das tarifas pode ser desastroso não somente para o Brasil, mas também para o país norte-americano, que não produz o grão.

Apesar da manutenção das taxas ao produto, Ferraço tem a expectativa de que haja espaço para negociações e a sua inclusão na lista de exceções:

“Temos expectativa de que o café entre, porque ele não é produzido nos Estados Unidos. Tenho a impressão de que vai entrar como polpa e suco de laranja, porque é um produto de consumo diário dos americanos”, relatou.

Julia Camim

Editora de Política

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.