
*Artigo escrito por Eliomar Bufon Lube, advogado empresarial, especialista em operações de M&A e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de ESG do Ibef-ES.
O avanço da tecnologia tem impulsionado novas soluções para ampliar a transparência e a eficiência das práticas ESG (ambientais, sociais e de governança).
Uma das tendências que mais tem ganhado força nesse cenário é a tokenização ESG, que transforma indicadores e créditos ambientais em ativos digitais. Permitindo sua negociação de maneira segura e rastreável.
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No Brasil, a Ambipar tem se destacado como exemplo dessa inovação. A empresa criou o token AMBI representando créditos de carbono e passou a negociá-lo na Bolsa brasileira (B3).
Esse movimento abriu caminho para que mais investidores possam acessar o mercado de carbono, até então restrito a grandes corporações. Cada token equivale a uma tonelada de carbono compensada. E os recursos obtidos com a venda contribuem para a preservação de milhões de hectares na Amazônia.
Além disso, a empresa também estuda expandir a negociação para mercados internacionais e desenvolver soluções que incentivem fornecedores a reduzirem suas emissões, gerando uma rede de sustentabilidade mais ampla.
Tokenização do ESG no esterior
No exterior, outras iniciativas vêm mostrando como a tokenização pode ir além dos créditos de carbono.
Conforme o artigo ‘consortium blockchain-enabled smart ESG reporting platform with token-based incentives for corporate crowdsensing’, publicado na revista Computers & Industrial Engineering (2022), em Hong Kong, um projeto usa tecnologia digital para estimular as empresas a divulgarem dados ESG de forma voluntária, concedendo tokens como reconhecimento pelo compromisso com a transparência.
A proposta é simples: quanto mais uma empresa compartilha informações confiáveis sobre seu desempenho ambiental, mais ela é valorizada.
O principal benefício, nesse caso, não está na recompensa financeira imediata, mas no fortalecimento da reputação perante investidores e consumidores, gerando vantagem competitiva no mercado.
Em todos os casos, a tokenização ESG apresenta benefícios claros, pois facilita o acesso ao mercado de sustentabilidade, aumenta a transparência, combate práticas de greenwashing e valoriza as empresas que, de fato, investem em responsabilidade socioambiental.
Ao mesmo tempo, cria oportunidades de negócios, aproximando tecnologia e sustentabilidade de forma concreta e acessível.
Esse movimento mostra que a tokenização não é apenas uma inovação tecnológica, mas também uma estratégia capaz de acelerar a agenda ESG no Brasil e no mundo.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.