Economia

"Tomamos a decisão de reduzir investimentos no Brasil", diz presidente da Gerdau

Segundo Gustavo Werneck, importação de aço segue crescendo no Brasil, o que inviabiliza novos aportes; grupo já demitiu 1,5 mil empregados este ano

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Segundo executivo da Gerdau, siderúrgica não é, em tese, afetada pela tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos ao aço brasileiro. Foto: Freepik
Segundo executivo da Gerdau, siderúrgica não é, em tese, afetada pela tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos ao aço brasileiro. Foto: Freepik

O presidente do grupo siderúrgico Gerdau, Gustavo Werneck, disse nesta sexta-feira, 1º, que a empresa já tomou a decisão de reduzir investimentos no Brasil diante do cenário de crescente importação de aço, que ele chamou de “assustador”.

“Vamos promover adequações de capacidade, porque a importação segue crescendo aqui. Esperávamos que governo implementasse medidas mais duras para o aço importado”, afirmou.

De acordo com Werneck, todos os investimentos iniciados terão conclusão, mas os novos projetos passarão por uma reavaliação, e que mais detalhes sobre isso serão dados mais à frente. “Reduzir investimentos é uma decisão que já tomamos”, afirmou Werneck, em teleconferência para comentar os resultados da empresa.

Ele destacou, porém, que ainda não há uma decisão sobre quais investimentos especificamente terão impactos.

Segundo o executivo, do início do ano até agora, a Gerdau já demitiu 1,5 mil pessoas. Os desligamentos tiveram concentração nas cidades paulistas de Pindamonhangaba e Mogi das Cruzes.

“Estávamos segurando algumas demissões até reunião do Gecex (Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior) sobre importados”, disse Werneck. A reunião aconteceu no dia 24 de julho.

De acordo com o CEO, não há planos de demissões em Minas Gerais (MG). “Em Minas, não temos planos de desligamentos porque temos investimentos importantes em mineração sustentável para melhorar a competitividade e reduzir custos na cidade de Ouro Branco”, afirmou.

Operação nos EUA

Gustavo Werneck também afirmou que siderúrgica não é, em tese, afetada pela tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao aço brasileiro. Como a companhia produz aço nos EUA – e não opera como exportadora nesse caso -, a preocupação, segundo ele, são os clientes.

“Produzimos aço diretamente nos Estados Unidos e, em tese, não seríamos afetados pela tarifa. Em território americano, operamos como se fôssemos uma empresa americana”, afirmou.

O impacto poderia vir indiretamente, por meio dos clientes que compram o aço da Gerdau para fabricação de equipamentos e posteriormente exportam suas máquinas para os EUA.

Ele disse que a companhia não chegou a se engajar diretamente no debate de tarifas, por entender que era papel do governo. E afirmou ainda que os Estados Unidos são “a grande perspectiva de futuro” para os investimentos.