Pais mudam de cidade e de vida para apoiar estudo e sonho dos filhos no ES

João Gabriel Barros de Brito , 17 anos, sempre se destacou nos estudos, desde a infância em Conceição da Barra, Norte do Espírito Santo. Foi a dedicação do filho mais velho do casal João Alves de Brito e Maria Auxiliadora S. Barros de Brito que resultou em uma oportunidade que mudaria a vida de toda a família em 2019.

A trajetória começou quando João Gabriel, aos 11 anos, foi um dos classificados da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Sua professora de matemática enxergou seu potencial e contou ao João sobre o processo seletivo do Instituto Ponte.

Na época, a ONG, que se propõe a ser a ponte para a ascensão social por meio da educação de qualidade, havia acabado de abrir as inscrições para apoiar novos alunos.

Segundo o pai, apesar de haver boas escolas na região onde moravam, a família não tinha condições para mantê-lo em uma instituição particular. Por isso, decidiram aproveitar a oportunidade.

“Nosso filho tinha um alto potencial e nós sabíamos disso. Mas naquela região havia poucas escolas que eram melhores e não tínhamos condição de colocá-lo em nenhuma delas”, explicou o pai.

Um longo caminho

O início do sonho não foi fácil. A família conta que as sete etapas pelas quais o menino devia passar aconteceram em Vitória, uma viagem de mais de quatro horas. Sem nunca ter visitado a capital do Estado, os pais precisaram se esforçar para que ele pudesse participar.

“Nossos amigos e familiares foram os maiores apoiadores, nos ajudando com combustível e hospedagem. Era um sonho nosso e do nosso filho e o instituto estava nos dando essa oportunidade”, contou a mãe, Maria Auxiliadora.

Aos 12 anos, João completou o processo seletivo e se tornou bolsista em uma escola da rede privada de Vitória, parceira do instituto. Além disso, também poderia começar a cursar inglês através do Ponte.

Mas os desafios não haviam acabado. Os pais tinham empregos estáveis ​​e casa própria em Conceição da Barra, além de toda a sua rede de apoio. Quando João foi aprovado, tiveram que tomar a difícil decisão de deixar tudo para trás.

A casa onde moravam foi alugada e Maria, que era professora, precisou pedir demissão e se mudar com João Gabriel e Davi, o filho mais novo, para a Serra. Já o pai, Policial Militar, passou um ano fazendo o percurso de 500 km entre as cidades, semanalmente, até conseguir transferência.

“A minha esposa precisou ser nosso apoio na Serra, ela encerrou seu contrato enquanto eu ia e voltava para trabalhar. Foi difícil, mas não existe dificuldade que não possa ser superada pelos nossos sonhos”, disse o policial.

Segundo os pais, a ajuda dos familiares e do Instituto Ponte foi essencial. Para eles, tudo o que fizeram valeu a pena quando visitaram pela primeira vez a escola onde o filho estudaria. “No dia que fomos levá-lo pra conhecer a escola foi um momento de muita alegria para todos nós”, destacou a mãe.

Uma grande inspiração

Aos 17 anos, João Gabriel cursa o último ano do ensino médio e sonha em ser médico.

“Hoje, estou na terceira série do ensino médio, com o grande sonho de cursar Medicina. Tanto a escola quanto o Instituto Ponte têm me apoiado muito além das aulas, incentivando meu crescimento acadêmico e pessoal. Sou eternamente grato por essa oportunidade e desejo que muitas outras pessoas também possam ter essa chance”, afirmou João Gabriel.

Mas ele não foi o único a ser motivo de orgulho para a família. Seu irmão mais novo, Davi, hoje com 13 anos, observou todo o processo do irmão com admiração. O resultado veio este ano, com sua aprovação para o Instituto Ponte.

Ele passou pelas mesmas etapas durante o sétimo ano, assim como João Gabriel.

“Eu, sempre fiquei observando, sonhando, admirando meu irmão — que era e é um dos meus maiores exemplos. Quando ele passou, fiquei pensando ‘um dia vou vestir essa blusa também’. Fiquei seis anos esperando a oportunidade”, contou Davi.

Agora, a família vive o sonho de ver seus dois filhos se destacando nos estudos e recebendo as melhores oportunidades. Para eles, a decisão que tomaram em 2019, apesar de difícil, não poderia ser mais assertiva.