O lateral-esquerdo Miguel Navarro, do Talleres, se pronunciou sobre o que aconteceu com ele durante a partida contra o São Paulo, pela Libertadores, na noite desta terça-feira (27), no MorumBis. O tricolor paulista venceu o jogo por 2 a 1 e avançou de fase na liderança do Grupo D.
O jogador venezuelano relatou ofensas xenofóbicas por parte do meio-campista paraguaio Bobadilla, que defende o São Paulo.
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Navarro chora e PM não encontra Bobadilla
Miguel Navarro, do Talleres, chorou em campo após acusar Bobadilla de xenofobia. E chorou novamente ao prestar depoimento à polícia ainda no Morumbis. A PM entrou no vestiário do São Paulo em busca do paraguaio, mas não o encontrou no local.
“Queria eu ter, em minhas mãos, a solução da fome que vive meu país. Espero que Deus me dê abundância para poder ajudar. Não creio que possa fazer muito contra a pobreza mental”, escreveu Navarro, em seu Instagram.
“Nunca me envergonharei das minhas raízes. Vou até as últimas consequências contra o ato de xenofobia que vivi hoje no Brasil por parte de Damían Bobadilla. No futebol, não há espaço para discursos de ódio”, concluiu o jogador do Talleres.
O que aconteceu
Nos momentos finais do segundo tempo, já aos 43 minutos, uma confusão foi iniciada, com jogadores se manifestando em tom de cobrança contra Bobadilla. Navarro tentou deixar o campo, mas foi impedido pelo árbitro chileno Piero Maza.
O jogador, que chorava, permaneceu no campo até o fim da partida. Ao sair, concedeu entrevista para a transmissão de TV
“É realmente lamentável falar deste tipo de coisa, mas quando eles fazem o 2 a 1, Luciano estava dando praticamente uma volta no campo e eu disse ao árbitro que se apresasse, que necessitamos jogar. O Bobadilla me disse: ‘Vocês sempre fazem tempo (cera)’. E eu disse: ‘Que tempo, vocês estão ganhando?’. Aí ele me chamou de ‘venezuelano morto de fome’. E fiz a denúncia”, revelou Navarro, após a partida.
O lateral-direito Augusto Schott e o técnico interino Mariano Levisman lamentaram a situação. “Quero falar sobre o racismo que sofremos. Talvez doa o dobro porque estamos aqui onde se promove muito contra o racismo. Um companheiro nosso está muito triste. Não quero deixar passar isso”, lastimou o jogador.
Navarro registra ocorrência
Navarro foi ao Juizado Especial Criminal do MorumBis para registro de ocorrência. Ele relatou aos policiais ter sido chamado de “venezuelano morto de fome”. O caso também será apurado pela Conmebol.
O clube argentino publicou uma nota em apoio ao seu jogador. “Nós nos solidarizamos profundamente com Miguel e sua família neste momento. Como instituição, nos manifestamos contra qualquer forma de discriminação. Não há lugar para ódio no futebol”.
Técnico do São Paulo reclama
Na entrevista coletiva após a partida, o técnico do São Paulo, Luis Zubeldía, desconversou sobre o assunto. O argentino reclamou por ter sido questionado sobre o tema e disse que preferia falar sobre a classificação às oitavas da Libertadores.
“Classificamos em primeiro. Desconheço a situação (de xenofobia). Imagine você em meu lugar, estou no banco de reservas, a 50 metros, faltando 10 minutos, o que eu posso saber desta situação? Não sei nem de que estamos falando do acontecido”, irritou-se.