A economia do Espírito Santo registrou crescimento de 1,9% no primeiro semestre de 2025, segundo o Indicador de Atividade Econômica (IAE) divulgado nesta terça-feira (16) pelo Observatório da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes). Esse é o quinto ano consecutivo em que o estado apresenta alta no período. A projeção é de que o PIB capixaba feche o ano com expansão de 3,1%. Os três setores da economia avançaram: agropecuária (+11,1%), indústria (+1,7%) e serviços (+1,4%).
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Agropecuária, indústria e serviços crescem e mantêm projeção otimista para 2025
Na indústria, o resultado foi puxado pela atividade extrativa, que cresceu 3,4%. Também registraram alta os segmentos de energia e saneamento (+2,6%) e a indústria de transformação (+0,3%). O setor de serviços, por sua vez, avançou 1,4%, impulsionado por “demais atividades” (+1,6%), comércio (+1,0%) e transporte (+0,2%).
A agropecuária foi o destaque, com alta de 11,1%. A agricultura avançou 13,4%, liderada pelo café – principal lavoura do estado -, além de culturas como cana-de-açúcar, milho, arroz, banana, tomate e coco. A pecuária cresceu 2,7%, sustentada pela produção de bovinos, aves e ovos.
Mesmo representando apenas 4,8% da estrutura econômica capixaba, a agropecuária contribuiu com 0,5 ponto percentual para o resultado geral. Já os serviços responderam por 0,7 p.p. e a indústria, por 0,4 p.p.
Segundo a Findes, o bom desempenho do café foi impulsionado pelo conilon, que responde por 81% da produção estadual. O grão conseguiu reverter os efeitos da bienalidade negativa que afetaram o arábica, graças às chuvas regulares no norte capixaba, melhores condições hídricas e práticas agrícolas mais robustas. A alta do café conilon foi sustentada pelas condições climáticas favoráveis após os efeitos do El Niño em 2024.
No caso do arábica, a produção recuou, impactada pela bienalidade negativa e pela antecipação da colheita, feita antes da maturação completa dos grãos, em meio à incerteza sobre mão de obra e aos preços nos mercados interno e externo. Essa análise é da Conab.
A pecuária registrou crescimento de 2,7% e, ao representar 25,0% do setor do Espírito Santo , contribuiu com 0,8 p.p. para o resultado geral do setor. O avanço da atividade se deve aos desempenhos positivos da bovinocultura e do segmento de aves e ovos. Por sua vez, os segmentos de suinocultura e produção de leite apresentam quedas. Apesar do resultado positivo, a pecuária seguiu pressionada pelos altos custos de produção, afetados pela volatilidade dos preços do milho e da soja, o que reduziu a rentabilidade e dificultou o planejamento do setor.
Para Marília Silva, economista-chefe da Findes e gerente-executiva do Observatório Findes, o resultado confirma a força da agropecuária capixaba, mas também mostra a importância do equilíbrio entre os setores:
“O Espírito Santo tem uma matriz muito diferente do Brasil. No cenário nacional, o crescimento agropecuário vem de culturas como milho e soja, além da pecuária bovina. Já no Espírito Santo, o peso maior está no café, especialmente o conilon, além de aves e ovos. Mesmo em um ano de bienalidade negativa, conseguimos registrar aumento da produção, o que é bastante positivo”, destaca Marília.
Ela ressalta que a produtividade agrícola tem crescido ano após ano: “Não é apenas o volume produzido que aumentou, mas também a produtividade, ou seja, o quanto se produz por hectare. Isso mostra que o setor vem investindo em práticas mais robustas, o que ajuda a sustentar o crescimento mesmo em anos desafiadores”, explica.
Perspectivas para 2025
Para o restante de 2025, a expectativa é de que todos os setores sigam em expansão. A indústria deve ser beneficiada pela atividade extrativa, enquanto a agropecuária mantém perspectivas favoráveis mesmo em ano de bienalidade negativa do café.
A expectativa de crescimento é justificada por uma série de fatores que formam um cenário favorável à lavoura, como: clima favorável, melhores condições hídricas e práticas agrícolas mais robustas que favorecem floradas positivas e uma boa quantidade de frutos por rosetas.
No Brasil, o setor agropecuário cresceu 10,1% no semestre, impulsionado por lavouras como milho, soja, arroz, algodão e café. No Espírito Santo, a agropecuária avançou 13,5% em relação ao mesmo período de 2024, contra 10,1% no país. No acumulado de quatro trimestres, a alta foi de 9,6% no estado e de 5,8% no Brasil.
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