
A atividade econômica do Espírito Santo cresceu 2,2% no acumulado até setembro de 2025, com desempenho positivo em todos os setores, segundo o Indicador de Atividade Econômica (IAE) do Observatório da Findes. No período, a agropecuária foi o grande destaque, com crescimento de 16%, seguida pela indústria (3,7%) e pelos serviços (0,6%). Indústria e serviços foram os setores que mais contribuíram para o resultado geral da economia capixaba.
De acordo com a economista-chefe da Findes e gerente executiva do Observatório, Marília Silva, mesmo em um contexto de aperto monetário, a atividade econômica manteve uma trajetória de expansão no estado e no país. Segundo ela, o crescimento esteve concentrado em setores menos sensíveis à taxa de juros, como a agropecuária e a indústria extrativa.
“No primeiro caso, os ganhos de produtividade no campo foram determinantes. No segundo, o avanço esteve associado a decisões estratégicas e planejamento de longo prazo das empresas. Em contraste, setores mais dependentes do ciclo monetário, como serviços, só evitaram uma desaceleração mais intensa devido, principalmente, ao dinamismo do mercado de trabalho”, aponta.
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Agropecuária lidera crescimento no Espírito Santo
A agropecuária foi o setor que mais cresceu no Espírito Santo entre janeiro e setembro de 2025, na comparação com o mesmo período do ano anterior. O avanço de 16% é resultado do desempenho positivo tanto da agricultura, que cresceu 15,9%, quanto da pecuária, com alta de 2,0%.
A agricultura, responsável por 73% do valor do setor agropecuário estadual, exerceu a maior influência sobre o resultado geral, contribuindo com 14,4 pontos percentuais. O crescimento foi impulsionado principalmente pela safra de café, principal cultura do estado, além de lavouras como cana-de-açúcar, milho, arroz, tomate, laranja e coco-da-baía.
Segundo Nathan Diirr, gerente de Ambiente de Negócios do Observatório Findes, a produção de café conilon, que representa 81% da produção estadual de café, cresceu e compensou os efeitos da bienalidade negativa esperada para o café arábica em 2025. “A expansão do conilon foi favorecida por condições climáticas mais adequadas após o El Niño de 2024, com chuvas bem distribuídas, melhores condições hídricas e práticas agrícolas eficientes, resultando em boas floradas e maior frutificação”, explica.
Apesar das condições climáticas favoráveis em fases críticas, a produção de café arábica apresentou queda no acumulado dos três primeiros trimestres de 2025, refletindo o ciclo de bienalidade negativa predominante em grande parte das regiões produtoras. De acordo com a Conab (2025), essa redução também pode estar associada à antecipação da colheita, motivada pela incerteza quanto à disponibilidade de mão de obra no pico da safra e pelos preços do café nos mercados interno e externo.
A pecuária, que representa 27% do setor agropecuário capixaba, cresceu 2,0% até o terceiro trimestre e contribuiu com 1,6 ponto percentual para o resultado geral do setor. O desempenho positivo foi registrado em todas as atividades, com crescimento na produção de bovinos, leite, suínos, aves e ovos.
No cenário nacional, o PIB agropecuário avançou 11,6% até o terceiro trimestre de 2025, puxado principalmente pela agricultura, com ganhos de produtividade em culturas como milho, laranja, algodão e trigo.
Na comparação trimestral com ajuste sazonal, a agropecuária capixaba recuou 4,6% do segundo para o terceiro trimestre de 2025, após forte alta de 39,6% no trimestre anterior. No Brasil, houve crescimento de 0,4% no mesmo período. Já na comparação interanual, o setor avançou 16,7% no Espírito Santo, frente a 10,1% no país. No acumulado de quatro trimestres, o crescimento foi de 15,0% no estado e 9,6% no Brasil.
Indústria
A indústria capixaba apresentou desempenho misto no acumulado de janeiro a setembro de 2025, com forte avanço da indústria extrativa, que cresceu 12,2% na comparação com o mesmo período de 2024. As duas atividades que compõem o segmento registraram crescimento: a pelotização de minério de ferro avançou 7,8%, enquanto a produção de petróleo e gás natural teve alta de 14,9%.
O principal destaque da produção de petróleo foi o campo de Jubarte, impulsionado pelo avanço da produção do navio-plataforma Maria Quitéria, operado pela Petrobras, que ampliou a capacidade produtiva no litoral capixaba.
Outro segmento industrial que registrou crescimento foi o de energia e saneamento, com alta de 0,6% no período. O desempenho foi sustentado pelo aumento do consumo de energia elétrica no estado. Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontam crescimento de 0,5% no consumo total de energia elétrica no Espírito Santo, com avanço nas classes residencial (1,9%) e industrial (1,2%), parcialmente compensados pela retração nas classes comercial (-1,0%) e outros (-1,8%).
Por outro lado, a indústria de transformação registrou retração de 0,9% no acumulado do ano até setembro. O resultado reflete o desempenho negativo da fabricação de produtos de minerais não metálicos, que caiu 4,3%, pressionada pela menor produção de granito e pedras de construção trabalhadas, além da redução de 1,4% na fabricação de produtos alimentícios, especialmente bombons e chocolates à base de cacau e embutidos suínos.
Serviços, comércio e transportes
O setor de serviços cresceu 0,6% no acumulado do ano até setembro, em comparação com o mesmo período de 2024, com desempenho positivo nas três atividades que compõem o setor. O destaque ficou por conta dos transportes, que avançaram 1,3%, impulsionados principalmente pelo aumento da demanda por transporte de cargas, refletindo a expansão das produções agrícola e industrial no estado.
O comércio também apresentou crescimento no período, com alta de 0,9% entre janeiro e setembro. O desempenho foi favorecido pelo aumento da renda das famílias, que sustentou a expansão das vendas em segmentos como hiper e supermercados, tecidos e vestuário, artigos farmacêuticos e atacado de produtos alimentícios.