O Sistema OCB/ES divulgou o Anuário do Cooperativismo Capixaba, que mapeou a atuação de 114 cooperativas em diferentes ramos no Espírito Santo, como agropecuário, consumo, crédito, infraestrutura e saúde. Entre os destaques estão as 25 cooperativas agropecuárias, que em 2024 movimentaram R$ 6,3 bilhões, crescimento de 9,1% em relação a 2023.
No setor de leite, o protagonismo é ainda mais evidente: as cooperativas foram responsáveis por 61,5% da captação de leite do estado, o equivalente a 148,5 milhões de litros, segundo dados do IBGE. Entre as principais cooperativas do segmento estão Selita, Clac, Nater Coop, Colamisul, Cavil e Cacal.
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Cooperativas captaram 148,5 milhões de litros de leite no ano passado
O anuário mostra que, depois da recuperação em 2023, quando as cooperativas captaram 154,9 milhões de litros, o setor registrou retração em 2024. Foram 148,5 milhões de litros, uma queda de 4,1%. O movimento acompanha a produção estadual, que também caiu: de 252,3 milhões de litros em 2023 para 241,5 milhões em 2024, uma queda de 4,3%.
O perfil dos cooperados revela a força da agricultura familiar na cadeia do leite. Em 2024, 37,8% produziam até 50 litros por dia, e 27,6% até 100 litros, juntos, 65,4% do total. Os demais 34,6% se distribuem entre produções de 101 a mais de 1.000 litros diários, mostrando que o segmento é sustentado majoritariamente por pequenos produtores.
Cadeia estratégica para o cooperativismo
Pedro Melhorim, presidente do Sistema OCB/ES, destaca que a cadeia do leite é um dos pilares do cooperativismo capixaba.
Segundo ele, cerca de 60% de todo o leite produzido no Espírito Santo passa por cooperativas, com destaque para a Selita, maior do estado, além de diversas menores formadas em sua maioria por pequenos produtores.
“Essas cooperativas não apenas compram o leite dos cooperados, mas oferecem assistência técnica, apoio social e funcionam como uma âncora de segurança para os pequenos produtores”, ressaltou.
Ele lembra que o setor já enfrentou períodos desafiadores, como os de seca, mas segue com grande potencial de crescimento. “O leite tem uma capacidade enorme de geração de valor agregado, já que pode se transformar em diversos produtos durante o processo de industrialização. É por isso que a OCB/ES estimula constantemente as cooperativas a investirem nesse caminho, que é essencial para garantir mais renda e melhores resultados a quem produz”, afirmou.
Em 2024, 78,8% do leite captado pelas cooperativas foi destinado à industrialização própria, 19,4% para indústrias e 1,8% comercializado para outras cooperativas. Esse processo de industrialização de produtos lácteos foi responsável por 74% do faturamento das cooperativas de leite, com destaque para:
- 39% em leite longa vida;
- 20% em queijos (muçarela, requeijão e outros);
- 5% em iogurtes e bebidas lácteas;
- 5% em manteiga;
- 2% em leite em pó;
- 2% em leite pasteurizado;
- 1% em outros produtos.
O preço do litro de leite também variou no último ano. O menor valor pago foi de R$ 1,63 (3,8% acima de 2023), enquanto o preço médio passou de R$ 1,97 para R$ 2,00 (+1,5%). Já o maior preço recuou 6,3%, ficando em R$ 2,36.
Principais números das cooperativas agropecuárias em 2024:
25 cooperativas
46 mil cooperados (+12,8% em relação a 2023)
2,8 mil colaboradores (+3,1% em relação a 2023)
R$ 6,3 bilhões em faturamento (+9,1% em relação a 2023)
R$ 348,2 milhões em tributos (+6,1% em relação a 2023)
R$ 173,1 milhões pagos em salários e remunerações (+11,4% em relação a 2023)