
O Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV) e a ES Gás, concessionária responsável pela distribuição de gás natural e biometano no Espírito Santo, formalizaram uma parceria inédita para viabilizar o uso de gás natural na secagem do café capixaba, com o objetivo de estabelecer um novo padrão de sustentabilidade, eficiência e qualidade na produção de café no estado.
Os detalhes da iniciativa foram apresentados durante o painel “Legado produtivo: as cadeias que movem o Espírito Santo”, realizado no evento BUY ES, no Cais das Artes, nesta segunda-feira (1º). Participaram do debate o presidente do CCCV, Fabrício Tristão, e o CEO da ES Gás, Fábio Bertollo, que destacaram que a proposta pretende levar ao campo uma tecnologia de secagem mais limpa, segura e eficiente, em sintonia com as exigências dos mercados nacional e internacional.
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Segundo a ES Gás e o CCCV, a modernização do processo de secagem, etapa essencial para garantir a qualidade do café, é hoje um dos principais desafios dos produtores capixabas, especialmente em regiões que ainda utilizam lenha como fonte energética.
Nesse cenário, as instituições uniram esforços para desenvolver um modelo de oferta de gás natural dedicado à cafeicultura, estruturado em quatro pilares: infraestrutura logística, sustentabilidade ambiental, melhoria da qualidade da bebida e ganho de escala e competitividade.
“O gás natural é um agente de transformação para o agronegócio”, aponta Fábio Bertollo
Para o diretor-presidente da ES Gás, Fábio Bertollo, o gás natural representa um avanço decisivo para elevar o padrão da produção de café no Espírito Santo.
“Quando falamos em sustentabilidade, o gás natural não é apenas uma solução energética. Ele é um agente de transformação para o agronegócio capixaba e para o futuro do nosso estado. Ele permite que a secagem do café seja mais limpa, segura e eficiente, garantindo controle preciso da temperatura e preservando a qualidade do produto”.
Bertollo explica que o Espírito Santo reúne condições únicas para implementar a solução com rapidez e escala. “Esse projeto só podia nascer aqui. O Espírito Santo concentra uma grande produtividade de café conilon e está em uma região geográfica compacta, próxima a uma infraestrutura de rede já existente. Isso torna o processo muito mais viável”.
Segundo ele, o primeiro passo será mapear os pontos de secagem do estado para identificar onde os testes devem começar. “A parceria com o CCCV envolve mapear todos os pontos de secagem, identificar os mais estratégicos e iniciar testes em diferentes realidades produtivas”.
Entre esses ganhos, Bertollo destaca aumento de produtividade e melhoria na qualidade final do café. “O processo se torna mais estável, com queima controlada e sem oscilação de temperatura. Isso reduz a necessidade de mão de obra, melhora o padrão da bebida e ainda elimina completamente fuligem e fumaça.”
Ele reforça que a mudança também abre portas para certificações internacionais. “A rastreabilidade é um ponto-chave. O gás natural é reconhecido como combustível rastreável pela União Europeia, o que fortalece o posicionamento do café capixaba nos mercados mais exigentes. A madeira, por exemplo, nem sempre oferece essa garantia.”
Além dos benefícios produtivos, o uso do gás natural reduz impactos ambientais e melhora de forma significativa as condições de trabalho no campo. A tecnologia elimina a fumaça e a fuligem derivadas da lenha e da palha, tornando o ambiente mais seguro e saudável para os trabalhadores. O controle preciso da temperatura também garante uma secagem uniforme, evitando a exposição do grão cru à queima direta, um dos principais fatores de perda de qualidade.
“Um marco para a cafeicultura capixaba”, diz Fabrício Tristão
Para o presidente do CCCV, Fabrício Tristão, a iniciativa representa um divisor de águas para o setor.
“Essa parceria representa um marco para a cafeicultura capixaba. Estamos falando de uma solução que alia tecnologia, sustentabilidade e competitividade, atendendo às exigências dos mercados mais sofisticados. Com o gás natural, nossos produtores passam a ter acesso a uma secagem mais eficiente, padronizada e capaz de elevar ainda mais a qualidade do café conilon do Espírito Santo.”
Ele reforça que a cafeicultura capixaba passa a ganhar novos argumentos nos mercados nacional e internacional.
Próximos passos
A parceria envolve equipes técnicas das duas instituições em estudos de viabilidade que incluem:
- mapeamento da demanda;
- definição de polos produtivos prioritários;
- avaliação de modelos logísticos;
- estruturação de projetos-piloto em diferentes regiões;
- articulação com produtores, cooperativas e indústrias.
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