
Passada a florada, o período de expansão dos frutos marca uma das etapas mais importantes do ciclo do café. É nessa fase que o cafeeiro direciona grande parte de sua energia para o desenvolvimento dos grãos, exigindo atenção especial do produtor. Nessa etapa, a planta aumenta a demanda por nutrientes como nitrogênio, potássio, cálcio, magnésio e micronutrientes. A deficiência desses elementos, somada a períodos de déficit hídrico, aumenta significativamente a vulnerabilidade da planta a pragas como a cochonilha.
As áreas afetadas pela praga podem apresentar perda de vigor, menor produtividade, queda na qualidade dos frutos e aumento nos custos de produção. No Espírito Santo, maior produtor de café conilon do Brasil, os cuidados precisam ser redobrados neste momento do ciclo produtivo.
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Engenheiro agrônomo orienta produtores sobre técnicas de manejo para prevenir ataques

O engenheiro agrônomo da Cooabriel, Marcelo Pilon, explica que manter um manejo atento às necessidades das plantas é fundamental para prevenir ataques da cochonilha.
“A cochonilha se aproveita de situações de desequilíbrio, principalmente quando a planta está sob estresse nutricional ou hídrico. Por isso, a observação frequente das lavouras é essencial para que o produtor identifique os primeiros focos e adote medidas de prevenção no momento certo”, orienta o agrônomo.
O monitoramento constante é uma das principais estratégias de controle. Identificar os focos iniciais da praga permite agir de forma mais eficiente, evitando que o problema se espalhe e comprometa a produtividade.
O produtor deve observar com frequência folhas, ramos e frutos, especialmente nas áreas mais sombreadas do cafezal, onde a cochonilha tende a se concentrar. Pequenas massas brancas, folhas amareladas ou com manchas escuras são sinais de alerta e devem ser verificados com atenção.
Uma nutrição adequada é essencial para fortalecer a planta e torná-la mais resistente à cochonilha e a outras pragas. Para isso, as análises de solo e de folhas são ferramentas indispensáveis no manejo da lavoura.
“Manter um programa regular de análises ajuda o produtor a ajustar o manejo de adubação conforme as necessidades reais da planta. Com isso, evitamos deficiências que deixam o cafeeiro mais suscetível e garantimos uma nutrição equilibrada, que é a base da resistência da lavoura”, explica Pilon.
Além disso, a adubação correta contribui para que o cafeeiro mantenha um bom estado fisiológico durante o período de expansão dos frutos, etapa que exige alta demanda energética da planta.
Outra prática de manejo importante é a poda adequada. O excesso de sombra e de vegetação aumenta a umidade e reduz a circulação de ar entre as plantas, criando condições ideais para a proliferação da cochonilha. Uma poda bem conduzida melhora a aeração da lavoura, facilita o monitoramento das plantas, garante maior eficiência nas aplicações de defensivos e estimula a renovação dos ramos produtivos.
“Quando o produtor mantém o cafezal bem arejado e equilibrado, ele reduz naturalmente as condições favoráveis à praga”, destaca o engenheiro.
O produtor deve ficar atento também às pulverizações, que podem ser necessárias em casos de infestação mais severa. Quando esse método de controle se faz necessário, é fundamental selecionar os defensivos corretos, sejam eles químicos ou biológicos, e realizar a aplicação de forma eficiente.
A regulagem dos equipamentos é um ponto crítico. Uma boa aplicação garante que o defensivo alcance as áreas onde a cochonilha costuma se instalar, como as partes inferiores das folhas e os frutos, evitando retrabalhos e desperdícios de produtos.
“O segredo está no equilíbrio”, reforça Pilon. “Com um olhar atento e orientação técnica adequada, o produtor toma decisões mais assertivas e protege o potencial de produção da sua lavoura.”
O que é a cochonilha e por que ela preocupa os cafeicultores
A cochonilha é uma praga agrícola que atinge lavouras de café em todo o mundo. Trata-se de um inseto sugador que se alimenta da seiva das plantas, comprometendo seu crescimento e vigor. Como consequência, o cafeeiro passa a produzir menos e com menor qualidade.
Além de reduzir a produtividade, a infestação provoca outros efeitos colaterais: o surgimento de fungos (devido à secreção açucarada deixada pela praga), o escurecimento das folhas, a morte de galhos e, em casos mais graves, até a morte da planta.
Por isso, a atenção do produtor durante o período de expansão dos frutos é determinante para manter a lavoura saudável e garantir uma colheita de qualidade. O monitoramento contínuo, o equilíbrio nutricional e a adoção de práticas sustentáveis de manejo são as melhores estratégias para prevenir ataques e assegurar o bom desenvolvimento do café conilon.
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