A empresa capixaba Chiara Café deu um importante passo em sua expansão internacional e inaugurou, em agosto, a sua primeira filial na Europa, localizada na Holanda, na região do Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo). A marca leva para o mercado europeu o café arábica cultivado na Fazenda Marapé, em Brejetuba, município reconhecido como a capital estadual do café arábica e um dos maiores polos de produção de cafés especiais do Espírito Santo.
A Fazenda Marapé pertence à mesma família há mais de 80 anos. A marca foi criada por Andrea Vivacqua e sua filha Camila, em homenagem à matriarca Chiara Casagrande, e nasceu com o propósito de valorizar o café capixaba e conquistar novos mercados.
Além da comercialização do grão, a Chiara também investe em turismo de experiência. Isso vai permitir que visitantes acompanhem todo o processo de produção, da lavoura à xícara, e vivenciem uma imersão completa no universo do café especial. O projeto vai ser iniciado em 2026.
Nos últimos anos, a estrutura da fazenda foi modernizada e ampliada, aumentando a capacidade produtiva em cinco vezes. Com novos maquinários, galpões, sistemas de gestão e rastreabilidade, a marca fortaleceu sua atuação no Brasil e se preparou para a internacionalização.
Diferente da prática comum de exportar apenas o café verde, a Chiara decidiu enviar o produto já torrado e embalado no Brasil, garantindo que os consumidores tenham acesso a um café de origem única, com identidade, história e valor agregado.
O desafio da internacionalização
Segundo Camila Vivacqua, fundadora da marca, a conquista é fruto de um processo longo e desafiador:
“A internacionalização foi uma caminhada de anos, conversando com parceiros, estudando mercados e buscando alguém que compartilhasse da nossa visão. A maioria só pensava em exportar café verde, como commodity, e nós queríamos algo diferente: levar um café especial, torrado aqui, com identidade e história. Encontrar o parceiro certo foi o primeiro passo para tornar esse sonho realidade.”
Para Camila, a abertura da filial na Europa também é uma vitória para o café capixaba:
“Não estamos levando apenas um produto, mas a história dos produtores, o nome das nossas montanhas e do Espírito Santo. Isso gera valor não só econômico, mas também cultural, porque mostramos que o Brasil não é só commodity, é qualidade, origem e tradição.”
A empresária conta que a etapa seguinte envolveu estudos de mercado, logística e adequações legais, como registro de empresa, exigências de rotulagem e validações junto ao governo europeu.
Recepção e próximos passos
O café já vem recebendo ótima aceitação internacional. Segundo Camila, consumidores valorizam as torras mais claras, cafés limpos, sem mistura, e com origem rastreável, exatamente o perfil da Chiara.
“Já levamos nosso café para outros países e sempre tivemos feedbacks muito positivos. Além disso, existe um trabalho de educação do consumidor, porque o café especial ainda não é tão conhecido. O mercado europeu está valorizando muito essa proposta”, explica.
Agora, o desafio é consolidar o modelo de negócios em solo europeu: “É como abrir uma empresa do zero. Estamos na fase de prospecção, de contar a nossa história e conquistar os clientes certos. No próximo mês, estarei pessoalmente na Holanda para apresentar nosso café, falar da nossa família, da fazenda e das montanhas capixabas. Queremos encantar os consumidores e consolidar nossa marca também lá fora.”
Com crescimento acelerado nos últimos anos, a Chiara já estuda expandir para outros países. As negociações estão em andamento, mas, segundo Camila, cada passo será dado com cautela, como foi feito na Holanda.
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