Enquanto lideranças nacionais do setor de café atuam em Washington para tentar reverter os efeitos do “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos, exportadores do Espírito Santo voltam-se para a Europa em busca de novas oportunidades comerciais. Entre 2 e 5 de outubro, uma comitiva de produtores e exportadores, liderada pelo Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), estará na Suíça e na Alemanha.
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Comitiva reforça competitividade do café capixaba em meio a preços elevados, tensões geopolíticas e novas barreiras comerciais
A missão tem como objetivo reforçar a competitividade do café capixaba em um cenário global de preços elevados, tensões geopolíticas e novas barreiras comerciais. A agenda inclui encontros com importadores e torrefadores, além da participação no fórum da Swiss Coffee Trade Association e na Anuga 2025, em Colônia, Alemanha, uma das maiores feiras internacionais de alimentos e bebidas.
A Europa já é um destino estratégico para o café do Espírito Santo. Nos últimos quatro anos, o continente absorveu em média 41% das exportações capixabas, movimentando cerca de US$ 745 milhões.
Em 2025, até agosto, esse percentual se manteve: foram 1,1 milhão de sacas embarcadas, que geraram US$ 330 milhões em receita. Os principais mercados foram Bélgica (7%), Espanha (6,7%) e Alemanha (5%). No mesmo período, de 2021 a 2024, os Estados Unidos representaram apenas 12% das compras.
Para Fabrício Tristão, presidente do CCCV, a missão ganha relevância diante do atual cenário internacional, marcado por preços elevados, tensões geopolíticas, a disputa comercial entre EUA e China e as novas tarifas americanas sobre o café brasileiro.
Outro diferencial, de acordo com Tristão, é a posição geográfica do continente, praticamente equidistante entre o Espírito Santo e o Vietnã, os dois maiores produtores globais de conilon/robusta.
Além da prospecção comercial, a comitiva busca fortalecer a imagem do Espírito Santo como origem de cafés sustentáveis, de qualidade e apoiados em infraestrutura logística eficiente.
O fórum da Suíça vai debater temas centrais para o setor, como os impactos das crises geopolíticas no comércio, uso da inteligência artificial, liderança em tempos de incerteza, inovação e impacto social, políticas tarifárias, sustentabilidade, agricultura regenerativa, o Regulamento Europeu Antidesmatamento (EUDR) e o futuro da cafeicultura.
A ação faz parte de uma agenda contínua para impulsionar a cafeicultura capixaba no cenário internacional. Em março, outra comitiva esteve no Vietnã, maior produtor mundial de café robusta, em uma missão técnica para conhecer o ecossistema da cafeicultura vietnamita. A programação incluiu visitas a propriedades, indústrias, portos e centros de comércio.
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