O cheiro do café recém-passado, a vista para a natureza exuberante das montanhas e a sensibilidade da arte. O café tem se consolidado como um vetor de desenvolvimento rural no Espírito Santo, não apenas pelo seu valor econômico, mas também pelo potencial de atrair turistas e agregar experiências ao produto. Um exemplo desse movimento é o Khas Café, localizado em Venda Nova do Imigrante, que alia produção agrícola, experimentação sensorial e atividades culturais em uma mesma proposta.
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Café vira ferramenta de valorização rural em Venda Nova do Imigrante
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De acordo com o Sebrae-ES, esse modelo de turismo cresceu 129% no Espírito Santo até abril de 2025. O estado, que até o ano passado registrava 78 atrações voltadas para experiências turísticas, agora conta com 179 e a projeção é chegar a 500 até o fim de 2026.
Durante a visita, o turista pode andar entre os cafezais, conhecer o beneficiamento dos grãos, sentir o aroma das plantas aromáticas como lavanda e alecrim e vivenciar processos como colheita seletiva, secagem especial em terreiros suspensos e diferentes formas de fermentação do café.
“A gente traz o turista para a lavoura, mostra as variedades plantadas, explica os processos de colheita e pós-colheita e depois conduz até a etapa da torra e degustação. Muitos visitantes nunca viram um pé de café de perto”, explica Roberta Aguilar, produtora rural e sócia do empreendimento.
A estrutura foi pensada para refletir o ambiente rural da região com toques de contemporaneidade. Elementos como madeiras reaproveitadas de antigas construções e referências a casas de colonos dividem espaço com influências de cafeterias asiáticas, em um projeto que também abriga ateliê de arte, laboratório de café e áreas de convivência ao ar livre.
A proposta foi idealizada por três sócios – uma artista visual, um engenheiro agrônomo e uma publicitária – e busca estabelecer conexões entre natureza, design e o cotidiano do produtor rural. O nome “Khas”, que significa “especial” em malaio, resume a intenção de oferecer uma experiência fora do comum.
Inovação no cultivo e valorização do Conilon de altitude
Além do Arábica, o grupo também participa de um projeto experimental com Conilon de altitude, desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A área, situada a mais de 1.100 metros, abriga 500 pés com 25 clones diferentes. A previsão é de que, a partir de 2026, seis desses materiais sejam lançados como cultivares adaptadas a regiões mais altas.
A pesquisa reforça uma mudança de percepção sobre o potencial do Conilon e amplia as possibilidades para produtores que atuam fora das áreas tradicionais de cultivo. “Esse estudo vai ajudar quem tem interesse em cultivar o Conilon em regiões mais amenas, com foco em bebida de qualidade”, pontua Roberta.
Experiência com café e produtos locais
Durante o passeio, o visitante tem contato com os diferentes tipos de processamento, como café natural, descascado e fermentado, apresentados de forma didática e sensorial. O espaço também valoriza outros produtos regionais, como queijos da família Carnielli, chocolate artesanal e mel de pequenos produtores do interior do estado.
Para Roberta, o Espírito Santo tem potencial para se tornar um dos maiores polos de turismo de experiência do Brasil. “Hoje, o Sebrae Nacional já reconhece o estado com esse título. O objetivo é ampliar esse movimento e mostrar que o campo tem muito a oferecer além da produção. Ele também é cultura, vivência e identidade”, reforça.
Colunista
Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.
