
O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta quinta-feira (20), a isenção da tarifa adicional de 40% sobre diversos produtos agrícolas brasileiros, entre eles, o café e a carne bovina. A decisão, divulgada em decreto assinado pelo presidente Donald Trump, revoga parte da Ordem Executiva 14323, que havia imposto a alíquota extra ao Brasil.
Segundo o documento, após novas rodadas de negociações com o governo brasileiro, Washington concluiu que “certos produtos agrícolas não deverão mais estar sujeitos à tarifa adicional”. A lista inclui café, carne bovina, castanhas e frutas. Com isso, esses itens voltarão a entrar no mercado americano com tarifa zerada.
A notícia é especialmente positiva para o Espírito Santo, já que os Estados Unidos são historicamente o principal destino das exportações de café capixaba. A medida tende a aliviar perdas recentes e abrir caminho para a retomada de contratos que haviam sido suspensos ou renegociados.
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Na semana passada, quando a primeira redução tarifária foi anunciada, o governador Renato Casagrande destacou o impacto direto para o estado.
“A decisão dos EUA de reduzir tarifas sobre produtos agrícolas reforça a importância do diálogo e da cooperação internacional. Para o Espírito Santo, essa abertura amplia oportunidades e fortalece nossa economia”, afirmou.
Isenção retroativa
De acordo com a Casa Branca, as isenções serão retroativas ao dia 13 de novembro, e importadores que pagaram o adicional no período receberão reembolso. O decreto também menciona a conversa telefônica entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 6 de outubro.
“Houve progresso inicial nas tratativas com o governo brasileiro, o que justifica a retirada da tarifa para determinados produtos”, afirma o texto assinado pelo presidente americano.
A decisão vem dias após os EUA revogarem, também, a tarifa recíproca de 10% que havia sido aplicada globalmente sobre outros itens agrícolas.
Reações do setor
Associações do agronegócio celebraram o anúncio. A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) afirmou que a medida demonstra “efetividade do diálogo” entre os dois países e deve destravar embarques que estavam represados.
No café, o impacto é ainda mais direto. O diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, classificou a retirada da tarifa como um “presente de Natal antecipado” e destacou que o Brasil tem agora o desafio de recuperar rapidamente o mercado perdido.
“Agora é correr para reconquistar espaços nos blends e reduzir os impactos econômicos”, disse Matos. Ele lembra que o Brasil exporta cerca de US$ 2,5 bilhões em café para os EUA, mas que, desde agosto, as vendas despencaram 50% por causa da competição com Colômbia, Vietnã e países africanos.
Segundo ele, os compradores americanos chegaram a usar seus estoques ao limite e começaram a firmar contratos de longo prazo com outros fornecedores, na ausência de condições competitivas para adquirir o café brasileiro.
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