As exportações do agronegócio do Espírito Santo somaram R$ 11,3 bilhões (US$ 2,11 bilhões) entre janeiro e agosto de 2025. O valor representa uma leve retração de 1,6% em relação ao mesmo período do ano passado (US$ 2,14 bilhões). Em volume, os embarques totalizaram 1,6 milhão de toneladas, queda de 4,4% frente às 1,7 milhão de toneladas registradas em 2024.
O café segue como carro-chefe da pauta, responsável por mais da metade das divisas, com US$ 1,1 bilhão (52,9%). Na sequência aparecem a celulose (US$ 620,2 milhões, 29,3%) e a pimenta-do-reino (US$ 239 milhões, 11,3%). Os dados foram divulgados pela Seag.
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Produtos do agro do ES chegaram a 125 países entre janeiro e agosto
O Espírito Santo mantém liderança nacional em segmentos estratégicos: responde por 77% das exportações de café conilon, 60% do gengibre, 67% da pimenta-do-reino e 41% do mamão. Entre janeiro e agosto, o agronegócio representou 32,5% das exportações totais do estado, alcançando 125 países. Os principais destinos foram Estados Unidos (22,2%, US$ 468,7 mi), Turquia (7,1%, US$ 150,1 mi) e China (6,2%, US$ 131,5 mi).
Entre os destaques positivos do período estão a pimenta-do-reino (+125% em divisas), o café solúvel (+64%), a carne bovina (+29%) e o mamão (+21%). A retração geral, porém, foi puxada pelo café em grão. Segundo o secretário de Agricultura, Enio Bergoli, parte das compras foi antecipada em 2024 devido à possibilidade de vigorar a nova legislação europeia de combate ao desmatamento (EUDR).
Efeito do tarifaço dos EUA
Com a entrada em vigor do tarifaço em agosto, vários produtos capixabas sentiram os impactos. O setor de ovos, que havia conquistado espaço após a crise da gripe aviária, praticamente parou: em julho foram 1.090 toneladas exportadas para os EUA, contra apenas 99 toneladas em agosto (-99,9%). Para outros mercados, a queda foi de 23,5%.
O gengibre também foi bastante afetado. As exportações totais caíram de US$ 4,4 milhões em julho para US$ 3,5 milhões em agosto (-20,5%). Para os EUA, a retração foi ainda mais acentuada: de US$ 2 milhões para US$ 1,1 milhão, queda de 45% em valor.
No café em grão, os embarques passaram de 13,9 mil toneladas (US$ 77,6 milhões) em julho para 8,6 mil toneladas (US$ 51,9 milhões) em agosto, redução de 37,6% em volume. Para os EUA, a queda foi de 19% em volume e 28,4% em divisas.
Já o café solúvel seguiu na contramão e cresceu 50% em agosto, alcançando US$ 14,9 milhões em vendas. Para os EUA, o desempenho permaneceu estável, com US$ 6,3 milhões. Hoje, o mercado norte-americano responde por cerca de 30% das exportações do produto.
A pimenta-do-reino também surpreendeu positivamente, subindo de US$ 15,3 milhões em julho para US$ 21,8 milhões em agosto (+42,5%). Embora as vendas diretas para os EUA sejam pequenas, boa parte entra no mercado americano de forma indireta. O mamão também avançou, com alta de 18,8% em valor, embora com leve queda no volume exportado.
O setor de pescados, no entanto, sofreu forte impacto: as vendas para os EUA, que representam 98% do mercado, caíram 56,2% em valor e 41,8% em volume entre julho e agosto.
“As exportações de ovos, gengibre e pescados foram as mais prejudicadas no mês de agosto em relação a julho deste ano. O setor de ovos praticamente estagnou com a nova barreira tarifária. Já o gengibre sofreu forte redução de vendas para os Estados Unidos em agosto, com queda de um terço das divisas geradas. As exportações de pescados, que estavam com ótimo desempenho até julho para os norte-americanos, principal mercado desse segmento, tiveram uma retração significativa de 41% em agosto, não suportando a ampliação da tarifa imposta de 50%”, explicou Bergoli.
Medidas adotadas até o momento
Para enfrentar o novo cenário, o Governo do estado criou o Comitê de enfrentamento das consequências do aumento das tarifas de importação. Entre as medidas já aprovadas está a Lei 595/2025, que autoriza a transferência de créditos acumulados de ICMS para setores mais afetados, liberando cerca de R$ 100 milhões.
Também será criada uma linha de crédito subsidiada de R$ 60 milhões para capital de giro das exportadoras, além da suspensão temporária de prestações de financiamento pelo Bandes por até seis meses.
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