
Passada a florada, o período de expansão dos frutos marca uma das fases mais importantes do ciclo produtivo do café. É nesse momento que o cafeeiro direciona grande parte de sua energia para o desenvolvimento dos grãos, aumentando a demanda por nutrientes essenciais. A falta desses elementos, somada a períodos de déficit hídrico, torna a planta mais vulnerável a pragas como a cochonilha, que prejudicam o vigor, reduzem a produtividade e comprometem a qualidade dos frutos. No Espírito Santo, maior produtor de café conilon do país, os cuidados precisam ser redobrados nesta etapa.
A expansão dos frutos é considerada um divisor de águas na cafeicultura: é quando o grão adquire forma e potencial produtivo, mas também o período em que o cafeeiro fica mais suscetível a pragas e doenças. Nesta fase, cada decisão no manejo faz diferença.
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Lavouras do ES exigem atenção redobrada durante a expansão dos frutos
Na propriedade de Gislane e Sérgio, em Águia Branca, a lavoura está justamente nesse estágio. Para eles, o acompanhamento técnico tem sido decisivo. Gislane Lislie Angelo, produtora rural, destaca: “Há três anos começamos a receber consultoria da cooperativa Cooabriel, e isso ajudou muito. Hoje é difícil para o produtor, sozinho, acompanhar tudo, fazer o manejo correto. A consultoria veio para somar e facilitar o controle de pragas e doenças.”
Já Sérgio Souza reforça a importância dos cuidados constantes: “O café exige atenção o ano todo, mas agora, com os grãos se formando, é essencial cuidar do solo com defensivos para cochonilha e broca. Na sequência, entra o manejo foliar para evitar abortamento e garantir grãos saudáveis para uma boa colheita.”
Ele completa enfatizando a prevenção: “Tudo que você puder prevenir é melhor do que tratar depois. Com orientação técnica, conseguimos agir antes que o problema apareça em grande escala, garantindo melhor produção.”
Durante a fase de expansão, qualquer desequilíbrio nutricional, seja por adubação insuficiente, manejo inadequado ou falta de água, torna a lavoura alvo fácil de pragas que reduzem o desenvolvimento dos frutos.
O engenheiro agrônomo da Cooabriel, Marcelo Pilon, explica de forma didática: “O cafeeiro precisa de cuidados contínuos. Na fase em que o fruto sai de ‘chumbinho’ e passa a se formar, a planta vira a chave nutricional. A demanda aumenta significativamente e, ao mesmo tempo, enfrentamos as pragas mais severas do conilon: a cochonilha da roseta e a broca do fruto”.
Marcelo detalha as consequências do ataque:
• Cochonilha: passa o inverno nas raízes e migra para os botões florais no momento da virada nutricional, sugando a seiva que alimentaria os grãos. Isso gera um grão que não se desenvolve e se torna perda direta na colheita.
• Broca: causa perdas na quantidade e na qualidade. O grão perfurado tende a cair (abortamento), reduzindo a produção. Depois, as larvas consomem o interior do fruto, diminuindo o peso e elevando o número de defeitos, o que rebaixa o tipo do café na comercialização.
Para reduzir riscos e garantir segurança produtiva, os cooperados da Cooabriel contam com um programa de consultoria técnica, que inclui visitas de engenheiros agrônomos a cada 45 dias.
Sérgio reforça o diferencial desse acompanhamento: “Às vezes o produtor tem receio de usar certos produtos por falta de conhecimento. Tudo tem seu momento certo. O consultor une a prática do produtor com novas técnicas, defensivos, adubos e manejos, ajudando a alcançar uma produção melhor.”
As visitas incluem avaliação nutricional, monitoramento de pragas e orientações que mantêm a lavoura equilibrada ao longo do ano. Cuidar da lavoura é proteger a safra futura e garantir a rentabilidade do negócio café.
Gislane reforça a importância da gestão. “O produtor precisa enxergar sua propriedade como uma empresa. É necessário carinho e atenção: cuidar da florada, irrigação, defensivos, controle de pragas e doenças, fazer capina, roçagem… Tudo com planejamento para chegar a abril, maio e junho com boa produção.”
Para os produtores que ainda têm dúvidas, Marcelo deixa um último alerta:
“O que não pode é negligenciar. A cochonilha e a broca são problemas sérios. Às vezes o produtor não teve ataque em um ano e relaxa nas aplicações preventivas. Quando vê, o problema volta com força. Monitorar e fazer as aplicações necessárias é fundamental”.
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