
O Espírito Santo está recebendo, nesta semana, uma imersão internacional com compradores estrangeiros de cafés especiais, dentro da programação do Exporta Mais Brasil – Edição Cafés Especiais, promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). O objetivo é ampliar a presença dos cafés brasileiros de alta qualidade no mercado internacional, reunindo produtores e importadores em um roteiro que inclui o Acre, Minas Gerais e o Espírito Santo.
Entre os dias 1º e 15 de novembro, os participantes percorrem os principais polos produtores do país, com uma agenda de cuppings, visitas técnicas e encontros de negócios. No total, 24 compradores internacionais vindos da América do Norte e do Sul, Europa, Oriente Médio e Ásia participam da iniciativa.
No Espírito Santo, estão participando 34 produtores do Caparaó, todos com cafés chancelados pela Denominação de Origem do Caparaó. As provas e degustações estão sendo realizadas em Dores do Rio Preto, na sede da Associação de Produtores Rurais de Pedra Menina (Aprupem).
Segundo o produtor rural e sócio da Aprupem e da Associação de Produtores de Cafés Especiais do Caparaó (Apec), Gustavo Vilas Boas, a vinda dos compradores internacionais é resultado de mais de um ano de trabalho para habilitar a região no programa da ApexBrasil. Gustavo também é cafeicultor no Sítio Menina, em Dores do Rio Preto, e responsável pelo Café Menina.
“Essa primeira etapa possibilitou a gente habilitar o Caparaó a participar do programa Exporta Mais Brasil. É um trabalho de um ano, que a gente vem desenvolvendo e que culminou agora com a vinda desse grupo de 22 estrangeiros, de cinco continentes diferentes”, explicou Gustavo.
Durante esse período de preparação, representantes da ApexBrasil visitaram a região para avaliar a estrutura e a capacidade de receber visitantes de diferentes países.
“Nesse processo, nós recebemos várias visitas da equipe da Apex, que é a agência federal responsável por desenvolver o projeto de exportação. Eles vieram conhecer a região, avaliar se tínhamos capacidade hoteleira, culinária e gastronômica para receber esses grupos. Essa é uma oportunidade muito importante de divulgação da região e de valorização do nosso café”, contou.
A ação é fruto de uma parceria entre ApexBrasil, Apec, Sebrae, Sicoob e BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais), com apoio também da Aprupem. As sessões de cupping estão acontecendo em dois grupos, reunindo produtores e compradores para a avaliação sensorial dos cafés.
Para os produtores locais, a imersão representa uma oportunidade única de abertura de novos mercados e valorização da marca Caparaó no exterior.
“É uma oportunidade muito interessante de abrir portas. Tivemos participantes da Índia, Itália, Canadá, Estados Unidos, Geórgia, Tailândia e Filipinas, por exemplo. São compradores com perfis muito diferentes, mas todos interessados em começar a originar café do Caparaó. Isso ajuda a viabilizar o processo operacional de exportação e colocar o nome do produtor junto com o da região nas melhores cafeterias do mundo”, afirmou o produtor.
Além de abrir espaço para novos negócios, o projeto fortalece a visibilidade dos cafés capixabas nos cenários nacional e internacional. Entre os participantes, estão produtores que já se destacaram em importantes concursos de qualidade, como o Coffee of the Year e o Florada Premiada.
“Muitos dos produtores que estão participando aqui também se destacaram na Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte. O meu café, por exemplo, ganhou o prêmio Express Design de embalagem da SIC deste ano, e estamos participando desse projeto também”, adiantou Gustavo.
Segundo ele, os compradores já sinalizaram interesse em vários lotes de café, e as negociações devem avançar após a conclusão das visitas da segunda comitiva.
“Esse primeiro grupo já separou lotes que despertaram interesse, mas os negócios só serão concluídos depois que todos os compradores participarem das provas. A expectativa é excelente e acreditamos que vamos atingir o objetivo de fechar um contêiner de cafés especiais do Caparaó para esses compradores”, finalizou.
Produtores do Caparaó vivem expectativa positiva com a imersão internacional
Entre os participantes da imersão está o cafeicultor Éder Amorin, do município de Iúna. Ele é presidente da Associação de Cafés Especiais de Iúna e sócio da Apec, além de produzir café arábica em 25 hectares, com uma produção anual de mais de mil sacas de café.
Éder produz cafés com pontuações acima de 82 pontos, além de microlotes especiais para cafeterias, que chegam a atingir 85 a 87 pontos, com aromas e perfis sensoriais valorizados no mercado internacional.
“É uma oportunidade ímpar. Mesmo que um produtor não feche negócio imediato, o contato com compradores de vários países e o fato de trazer essas pessoas para conhecer o que produzimos já é de um valor enorme. A maior importância é o relacionamento e o interesse que eles demonstram na nossa forma de viver o café, na paixão e na sustentabilidade do nosso trabalho”, afirmou Éder.
O produtor comemorou o reconhecimento da região e o entusiasmo dos visitantes. “O brilho no olho de todo mundo é o mesmo. Já existe um grupo de produtores que exporta, mas agora o projeto amplia essa oportunidade para mais pessoas. O mercado veio até nós, e isso mostra que o Caparaó tem força e qualidade reconhecidas. Inclusive, essa imersão tem atraído compradores de diferentes perfis e com demandas variadas”, afirmou Éder.
Com mais de 20 anos dedicados à cafeicultura, Éder comanda a Fazenda Bom Sucesso, e vem investindo na ampliação da produção. “Atualmente, temos 25 hectares de café e estamos plantando mais três, totalizando 28 hectares. Também estamos renovando maquinários e focando na produção de cafés especiais”.
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