Setor cafeeiro debate impactos da infraestrutura portuária na exportação no
10º Coffee Dinner & Summit
Setor cafeeiro debate impactos da infraestrutura portuária na exportação no 10º Coffee Dinner & Summit

Entraves na logística e o esgotamento da infraestrutura portuária do Brasil são apontados pelos agentes da exportação de café como os principais problemas enfrentados pelo setor atualmente. O tema estará no centro dos debates do 10º Coffee Dinner & Summit, promovido pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), entre os dias 2 e 4 de julho, em Campinas (SP).

O 10º Coffee Dinner & Summit trará a visão de líderes de diversos segmentos do comércio exterior sobre desafios enfrentados nos embarques devido a gargalos logísticos e infraestrutura nos portos.

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Exportadores de café acumulam R$ 73 milhões em perdas com falhas na infraestrutura portuária

Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé, relata que o esgotamento da infraestrutura portuária no Brasil vem causando regulares atrasos de navios e omissões e alterações de escalas nas embarcações, deixando os pátios dos terminais lotados, que ficam impossibilitados de receber novas cargas de café.

Como consequência, somente em abril deste ano, o setor não conseguiu embarcar 737.653 sacas de 60 kg do produto, equivalentes a 2.236 contêineres, o que gerou um prejuízo de R$ 6,657 milhões no caixa dos exportadores devido a gastos imprevistos com armazenagem adicional, detentions, pré-stacking e antecipação de gates.

Desde o início do levantamento realizado pelo Cecafé, em junho de 2024, as empresas associadas à entidade acumulam um prejuízo de R$ 73,233 milhões com esses custos extras em função da infraestrutura nos principais portos de escoamento do produto no Brasil.

Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé

“Esse cenário desafiador, que impõe obstáculos ao cumprimento dos embarques do país e causa reclamações dos compradores externos dos produtos brasileiros, gera despesas logísticas elevadíssimas e não previstas aos nossos exportadores, além de menor repasse financeiro aos produtores nas transações comerciais, visto que o Brasil é o país que mais transfere o valor Free on Board (FOB) aos cafeicultores, com índices superiores a 90% nas últimas safras”, revela Heron.

Capacidade portuária e desafios logísticos

O Porto de Santos, maior da América do Sul, ilustra bem o problema. O diretor-presidente da MSC no Brasil, Elber Justo, afirma que a média de espera para atracação em 2024 é de 41 horas. “Embora muitas medidas tenham sido tomadas para melhorar a situação, são necessárias ações adicionais que reúnam todas as partes interessadas”, analisa.

Cláudio Oliveira, diretor-presidente da Brasil Terminal Portuário (BTP), reforça que os terminais que operam contêineres já operam com mais de 85% da capacidade instalada — índice considerado crítico pela OCDE, que recomenda o máximo de 63%. “Esse crescimento de demanda, sem a devida expansão da infraestrutura, compromete a competitividade do agronegócio brasileiro”, ressalta.

Para o futuro, as projeções são desafiadoras. Mesmo com investimentos já contratados, a capacidade prevista para os próximos anos ainda será insuficiente. “É preciso ampliar a infraestrutura e melhorar os acessos terrestres aos portos, garantindo maior eficiência no escoamento”, acrescenta Oliveira.

Buscando mitigar o crítico cenário da defasagem na infraestrutura logística-portuária, o diretor-presidente da MSC pontua que a empresa vem se comprometendo em fornecer soluções de transporte abrangentes a seus clientes. “Estamos investindo em novos serviços, conexões diretas e na ampliação de capacidades intermodais, conectando melhor os produtores do interior aos portos brasileiros”, explica Justo. Ainda assim, ele ressalta que apenas o esforço privado não será suficiente. “É essencial que a infraestrutura pública acompanhe as demandas do setor exportador.”

O Cecafé, por sua vez, vem atuando junto aos órgãos competentes em defesa de melhores condições para o escoamento da safra.

Setor cafeeiro debate impactos da infraestrutura portuária na exportação no 10º Coffee Dinner & Summit

Lideranças confirmadas

O Coffee Dinner & Summit 2025 contará com a presença de importantes lideranças públicas e privadas do Brasil e do mundo. No campo político, estão confirmadas as participações dos governadores dos Estados de Minas Gerais, Romeu Zema, e do Espírito Santo, Renato Casagrande.

Na macroeconomia, o evento contará com a expertise de um dos negociadores brasileiros do acordo União Europeia-Mercosul e ex-presidente do “Banco do BRICS”, o economista político Marcos Troyjo, que fará suas considerações no painel “Economia Brasileira: O que esperar do Futuro?”.

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Stefany Sampaio
Stefany Sampaio

Colunista

Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.

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