A economia do Espírito Santo registrou crescimento de 2,3% no segundo trimestre de 2025 (abril, maio e junho) em comparação com os três primeiros meses do ano, segundo dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). O avanço foi impulsionado, sobretudo, pela indústria (5,2%) e pelos serviços (0,6%), enquanto a agropecuária recuou 3,8% no período.
No acumulado do primeiro semestre, o PIB capixaba cresceu 2,4%, com destaque para os serviços (2,8%) e a indústria (1,9%). A agropecuária também contribuiu positivamente, com alta de 0,5%, sustentada pela produção de café conilon. No mesmo intervalo, a economia brasileira avançou 2,5%, puxada pela agropecuária (10,1%), serviços (2,0%) e indústria (1,7%).
Em termos nominais, o PIB capixaba foi estimado em R$ 59,5 bilhões no segundo trimestre e atingiu R$ 215,1 bilhões no acumulado de quatro trimestres.
A retomada da atividade industrial foi o principal motor do crescimento no estado. A produção de pelotas da Samarco, em Anchieta, subiu 63,7%, influenciando diretamente o resultado da indústria extrativa, que avançou 4,3%. Também contribuíram setores como metalurgia, celulose e petróleo e gás.
Segundo Edna Morais, coordenadora de Estudos Econômicos do IJSN, a ampliação da produção da Samarco vem sustentando a recuperação industrial capixaba, que tende a se fortalecer ainda mais nos próximos meses. O setor de serviços cresceu 0,6% no segundo trimestre e 2,8% no semestre, impulsionado principalmente pelo comércio e pelos serviços prestados às famílias.
Já a agropecuária sofreu retração de 3,8% entre abril e junho, reflexo do fim da colheita do café conilon, que provocou grande volume de desligamentos no campo em junho e julho. No semestre, porém, o setor acumulou crescimento de 0,5%, sustentado pela produção de café conilon.
Segundo Pablo Lira, diretor-geral do IJSN, a queda na agropecuária em 2025 também foi influenciada pela bienalidade negativa do café arábica. “Os resultados positivos do setor estão muito relacionados ao café conilon. Já no cenário nacional, o crescimento é impulsionado principalmente pela pecuária e pela produção de soja”, destacou.
Adriano do Carmo Santos, pesquisador da coordenação de Estudos Econômicos do IJSN, explicou que no setor de serviços foi possível observar altas relevantes no comércio e nos serviços prestados às famílias, que avançaram 15,1%.
“No setor industrial, o destaque foi a indústria extrativa, com expansão de 4,3%, resultado que pode ser atribuído à elevação da produção da Samarco. Já na Agropecuária, o aumento na produção de café impulsionou o resultado, com elevação de 25,1% no conilon, mesmo diante da retração de 15,9% no arábica”.
Expectativas para o 3º trimestre de 2025
Durante coletiva, Pablo Lira também afirmou que a expectativa é de avanço e aceleração do crescimento no terceiro trimestre, com destaque para os setores de serviços, comércio e indústria. A retomada da Samarco em Ubu deve contribuir para esse movimento.
“A expectativa é de aceleração no ritmo de crescimento, mantendo essa tendência dos resultados do segundo trimestre. A retomada das usinas da Samarco em Ubu deve contribuir para o bom desempenho da indústria, além do setor de serviços e comércio, que continuam em alta”, explicou Lira.
Edna acrescentou que investimentos em petróleo e gás também devem ter influência direta. “Os investimentos anunciados pela Petrobras e por outras empresas já estão contribuindo para os resultados da economia capixaba”.
Sobre os efeitos do tarifaço dos Estados Unidos, que impôs taxação de 50% a diversos produtos brasileiros, Lira ressaltou que itens importantes para a economia capixaba, como minério, petróleo e quartzito, ficaram de fora da lista de produtos taxados. O café, porém, segue com a taxa de 50%, o que está gerando apreensão no setor. Ainda assim, segundo Lira, os cafeicultores capixabas vêm ampliando mercados na Europa (com destaque para a Bélgica) e na Ásia, além de se beneficiarem da valorização do conilon nas últimas semanas.
Café ultrapassa R$ 500 a saca em agosto
O mercado brasileiro de café encerrou agosto com preços em forte alta. Dados do Cepea indicam que a valorização das cotações ultrapassaram R$ 500 por saca de 60 kg, acumulando alta de quase 50% no robusta e 28% no arábica em relação ao mês anterior.
Pesquisadores explicam que a alta foi impulsionada pela oferta limitada e quebras de safra acima do previsto, dificultando a recomposição dos estoques mundiais. A tarifação extra dos EUA também contribuiu para a elevação das cotações, refletida nos contratos negociados na Bolsa de Nova York, que impactam diretamente o mercado brasileiro.
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