Área plantada com café diminuiu, mas a produtividade aumentou - Foto: Wenderson Araujo/CNA
Área plantada com café diminuiu, mas a produtividade aumentou - Foto: Wenderson Araujo/CNA

A produção brasileira de café em 2025 está estimada em 56,5 milhões de sacas de 60 quilos, segundo o mais recente levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em dezembro. No Espírito Santo, a safra deve alcançar 17,5 milhões de sacas, representando um crescimento de 25,8% na produção total de café, considerando as espécies conilon e arábica. Esse avanço é impulsionado, principalmente, pelas boas precipitações registradas no norte capixaba, que favoreceram as lavouras de conilon. Nesta safra, o estado é responsável por 68% de toda a produção nacional de conilon.

No caso do arábica, a produção atingiu 3,3 milhões de sacas, reflexo do ciclo de bienalidade negativa, ficando 18,2% abaixo do volume colhido em 2024. Já o conilon registrou 14,2 milhões de sacas, com expressivo aumento de 43,8% em relação à safra anterior.

Ainda conforme a Conab, a área plantada apresentou leve retração em comparação a 2024, passando de 391.351 para 379.822 hectares. Em contrapartida, a produtividade deu um salto importante: de 35,4 para 45,9 sacas por hectare, reforçando o ganho de eficiência no campo.

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Arábica: sul do estado registra bienalidade negativa

A produção de café arábica no Espírito Santo, concentrada na região sul, foi diretamente impactada pelo ciclo de bienalidade negativa, momento em que a planta prioriza a recuperação vegetativa em detrimento da produtividade. Assim, a safra atual mostrou maior capacidade de regeneração das plantas do que potencial reprodutivo para formação de frutos.

O ciclo começou com uma florada considerada prolífica, embora desuniforme, devido à ocorrência de mais de um período de floradas intensas. Mesmo assim, houve bom pegamento floral e quantidade satisfatória de frutos por roseta, reduzindo o chamado “banguelamento”, tão comum em anos marcados por ventos fortes ou chuvas excessivas no período de floração.

Espírito Santo responde por 68% do conilon do Brasil e dispara na safra de 2025

O café conilon, predominante no norte do Espírito Santo, manteve a tradição de alta performance produtiva, reafirmando o estado como maior produtor nacional da espécie. Nesta safra, as condições climáticas foram mais favoráveis, sobretudo durante fases fenológicas críticas, quando comparadas à temporada anterior.

O cenário contribuiu para uma floração mais intensa, com maior taxa de pegamento. Apesar da ocorrência de floradas múltiplas, que resultam em maturação desigual dos frutos, o volume por roseta foi expressivo, reduzindo significativamente o “banguelamento”. A boa sanidade das lavouras também se destacou, demonstrando recuperação após os impactos severos das intempéries registradas em 2023.

“Embora tenham ocorrido mais de uma florada forte, o que gerou frutos com maturação  desigual, observou-se bom pegamento destes e, assim, uma boa quantidade de frutos por roseta, diminuindo o ‘banguelamento’ visto em anos de pegamento ruim, por ventos ou chuva no período de floração. Apesar da redução nas precipitações em alguns períodos do ciclo, as lavouras apresentam boa sanidade e boas condições gerais, demonstrando recuperação vegetativa satisfatória depois da grande depauperação ocorrida pelo estresse gerado nas intempéries de 2023”, destacou a companhia.

Outro ponto relevante foi o forte aumento da produtividade média: de 37,4 sacas por hectare em 2024 para 54,8 sacas em 2025. O potencial produtivo poderia ser ainda maior não fossem os episódios de ondas de calor e breves períodos de estiagem em fases importantes do desenvolvimento das plantas. 

Nesta temporada, as reservas hídricas apresentaram boa recuperação, sem déficits significativos para irrigação suplementar. As chuvas, embora irregulares, foram suficientes para garantir melhor desempenho ao longo do ano.

“Apesar das altas temperaturas deste ano, as chuvas foram mais regulares, com pequenos momentos de estiagem e isso gerou uma melhor condição quando comparado ao mesmo momento da safra anterior. Sobre o tamanho dos grãos, que foi um dos principais problemas na safra de 2024, tendo sido bem menores que o normal, com secadores tendo que usar peneiras que normalmente não utilizam (nº 10 e 11), para o café pequeno não passar junto com a palha, para esta safra não se observa esse problema até o momento”, concluiu.

A mecanização da colheita também vem ganhando força entre os cafeicultores capixabas, com associações utilizando máquinas compartilhadas e grandes produtores investindo em colhedoras próprias.

Brasil: produção deve alcançar 56,5 milhões de sacas em 2025

Mesmo em ano de bienalidade negativa, a produção brasileira de café em 2025 deve atingir 56,5 milhões de sacas, sendo a 3ª maior safra da série histórica da Conab, atrás apenas de 2020 e 2018, ambos anos de bienalidade positiva. O resultado representa alta de 4,3% em comparação a 2024.

O desempenho nacional reflete a combinação de uma leve queda de 1,2% na área em produção, estimada em 1,85 milhão de hectares, com melhora na produtividade, projetada em 30,4 sacas por hectare, muito influenciada pelo excelente desempenho do conilon.

A produção brasileira de conilon deve alcançar 20,8 milhões de sacas, novo recorde histórico, superando 2022 (18,2 milhões). Em relação a 2024, o aumento é de 42,1%, reflexo de maior regularidade climática e alta carga produtiva.

Nos estados:

Espírito Santo: 14,2 milhões de sacas (+43,8%)

Bahia: 3,29 milhões de sacas (+68,7%)

Rondônia: 2,32 milhões de sacas (+10,8%)

Para o arábica, a bienalidade negativa e períodos de escassez hídrica reduziram o potencial produtivo. A espécie registrou queda de 1,5% na área, agora com 1,49 milhão de hectares, e redução de 8,4% na produtividade, chegando a 24,1 sacas por hectare. Assim, a produção deve somar 35,76 milhões de sacas, retração de 9,7%.

Em Minas Gerais, maior produtor do país, a colheita fechou em 25,17 milhões de sacas, queda de 9,2% devido à bienalidade negativa e ao longo período de seca antes da floração. Em São Paulo, a produção caiu 12,9%, estimada em 4,7 milhões de sacas. Já na Bahia, o arábica cresceu 2,5%, chegando a 1,14 milhão de sacas, com destaque para o Cerrado Baiano (+18,5%).

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Stefany Sampaio
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Colunista

Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.

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