
Acusada de envolvimento em um roubo milionário em um apartamento em Vila Velha, uma advogada foi presa nesta segunda-feira (8) em um sítio na zona rural de Nova Venécia, no interior do Espírito Santo.
Após ser beneficiada com liberdade provisória, ela descumpriu medidas judiciais e passou a ser considerada foragida da Justiça.
Segundo a acusação, ela usava o fato de ser advogada para servir como intermediária entre o líder do grupo, que está preso, e os demais membros da organização. A prisão foi realizada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco/ES), em parceria com o serviço de inteligência da Polícia Militar.
A advogada já havia sido presa anteriormente, em outubro de 2024, por envolvimento no roubo milionário, registrado no dia 17 de julho do mesmo ano.
Na época, a diarista do local afirmou que estava trabalhando, quando uma mulher armada apareceu no apartamento. Ao render a vítima, ela levou uma coronhada e desmaiou. Os criminosos levaram dois cofres, que, segundo a proprietária, tinham cerca de R$ 1 milhão em dinheiro e joias. A funcionária foi presa dias depois.
Após ser detida, a advogada chegou a ganhar liberdade provisória, mas não cumpriu as medidas cautelares impostas pela Justiça, tornando-se foragida. Desde então, ela era procurada pelas forças de segurança, que conseguiram localizá-la escondida no sítio.
De acordo com os investigadores, mesmo durante o período de fuga, ela continuava mantendo contato com outros membros da quadrilha e participava ativamente da rede criminosa.
Segundo a polícia, a advogada violou a ética da advocacia ao utilizar o sigilo profissional para facilitar atividades criminosas, prestando suporte direto ao comando da organização de dentro da cadeia.
Justiça aceita denúncia
A prisão da advogada marca o fim da fase de cumprimento dos mandados da operação Selati. A Justiça do Espírito Santo já aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público contra os envolvidos na organização. Agora, ela e outros réus vão responder pelos crimes de:
- Organização criminosa armada
- Tráfico de drogas
- Posse ilegal de arma de fogo
- Lavagem de dinheiro
- Violação da legislação da segurança privada
Segundo a investigação da Polícia Federal, a quadrilha era organizada em núcleos. A advogada fazia parte do chamado núcleo técnico, composto por profissionais que, cientes da ilegalidade, repassavam ordens do líder preso aos demais membros da facção.
Além disso, o grupo contava com um núcleo gerencial, responsável pela logística do tráfico, e um núcleo financeiro, que cuidava da movimentação e disfarce do dinheiro ilícito.
Operação Selati
A operação Selati foi deflagrada em maio de 2025, após a prisão de um dos membros da quadrilha por posse ilegal de armas. Ao todo, a operação executou sete mandados de prisão temporária, sete de busca e apreensão, e sequestrou bens avaliados em cerca de R$ 2,6 milhões, incluindo carros de luxo e um jet-ski.
A Polícia Federal e o Ministério Público ressaltam que a responsabilização penal de todos os envolvidos independe de sua posição social ou profissional. A advogada, agora detida novamente, deverá responder por sua atuação dentro do esquema criminoso.