Polícia

Caso Alice: pais falam pela primeira vez sobre morte da filha: “Só queremos justiça”

Alice Rodrigues, de 6 anos, foi morta em um ataque a tiros no dia 24 de agosto em Balneário de Carapebus, na Serra

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Foto: TV Vitória/ Reprodução
Foto: TV Vitória/ Reprodução

Com lágrimas nos olhos e vontade de justiça, os pais de Alice Rodrigues, de 6 anos, falaram com exclusividade sobre o ataque a tiros que matou a filha, em Balneário de Carapebus, na Serra. O caso foi registrado no dia 24 de agosto de 2025 e os responsáveis “desejam justiça pela filha”.

Alice foi atingida na cabeça dentro do carro da família, quando criminosos armados confundiram o veículo com o de integrantes de uma facção rival.

O ataque, realizado após os bandidos baterem de carro no veículo onde estava a vítima, ocorreu em uma região marcada por disputas entre grupos ligados ao tráfico de drogas, em Balneário de Carapebus, na Serra, no último final de semana.

Além da menina, que morreu após ser baleada na cabeça, o pai foi atingido de raspão e a mãe, grávida, ficou ferida com estilhaços de vidro.

Em entrevista exclusiva à reportagem da TV Vitória, os pais da criança, Leiza Rodrigues Costa e Kaique de Jesus Rodrigues, lembraram e narraram os momentos de horror vivenciados durante o ataque.

Eu estava no banco da frente, no momento dos disparos, meu esposo saiu ainda, quando teve o segundo tiro de raspão que atingiu as costas dele. Quando ele saiu ainda estavam atirando e começou a clamar: ‘Deus, a minha filha, a minha filha’.”

Leiza Rodrigues Costa, mãe de Alice

A mãe também narra que diante do desespero acabou pedindo socorro para um dos criminosos que estavam atirando contra o carro. “Eu pedi socorro para o moço que estava atirando, estava com o rosto ensanguentado, sem óculos, ‘ajuda moço, pelo amor de Deus’”.

Diante do desespero, Leiza descreve que entrou novamente dentro do carro e tentou socorrer a filha no meio dos disparos.

Entrei do carro, chamei ‘Alice, minha filha, Alice’, mas ela não respondia. Falei para ir para o hospital, pedi para meu marido ir para o hospital e ele falou ‘eu não tenho como, levei um tiro’. Graças a Deus ele conseguiu dirigir, mas era tarde.”

Leiza Rodrigues Costa, mãe de Alice

Casal enterrou a filha um mês após o casamento

Muito abalados, o casal narra que uma infeliz coincidência também marcou a morte da filha: Alice foi enterrada no dia 26 de agosto, exatamente um mês após o casamento dos pais.

Acabamos de enterrar a nossa filha Alice, no dia 26, o dia que ela foi enterrada e o dia que era para a gente estar comemorando um mês de casado. Toda vez que for fazer aniversário de casamento, todo dia 26 não vai dar para comemorar.”

Leiza Rodrigues Costa, mãe de Alice

Veja o vídeo:

Família deseja justiça pela filha

Durante o desabafo, Kaique de Jesus Rodrigues também afirmou que a família quer justiça seja feita não apenas pela filha, mas por outros inocentes mortos erroneamente.

“Nós só queremos a justiça, que seja feita a justiça para esse caso. Não só o caso da minha filha, mas todos os inocentes que eles matam por engano, só quero justiça e que permaneçam presos”.

Seis suspeitos foram presos pelo crime

Seis suspeitos de envolvimento no ataque a tiros, na Serra, que terminou na morte de Alice Rodrigues, de 6 anos, estão foragidos e são procurados pela polícia. Parte do grupo teria fugido para o Rio de Janeiro.

O chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa do município, delegado Rodrigo Sandi Mori, explicou que todos os envolvidos no ataque já foram identificados. Três intermediários do crime e três executores já foram presos.

Entre os foragidos estão os três mandantes do crime e outros três executores:

  • Sérgio Raimundo Soares da Silva Filho (mandante);
  • Carlos Alberto dos Santos Gonçalves Júnior (mandante);
  • Ryan Alves Cardoso (mandante);
  • Os executores foragidos não tiveram os nomes divulgados.
Sérgio Raimundo, Carlos Alberto e Ryan Alves estão foragidos. (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)

Carro da família da criança foi confundido

A criança morreu após o carro da família ser confundido por criminosos durante um ataque a uma facção rival, segundo aponta a investigação da Polícia Civil. A família voltava da praia quando se deparou com o carro dos criminosos.

De acordo com o delegado, como o carro dos alvos e o da família eram da mesma cor, os criminosos imediatamente começaram a atirar. Eles só pararam quando o pai da criança saiu do carro e suplicou para cessarem o ataque. Alice chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos.

Ao todo, 12 pessoas participaram do crime. A polícia, no entanto, não descarta a possibilidade de outros envolvidos.

Entenda a participação dos suspeitos presos no ataque

Segundo o delegado, Sérgio é um dos líderes do tráfico de drogas nos bairros Industrial, em Viana, e São Diogo, na Serra. Ele também é apontado como um dos integrantes da cúpula da facção Primeiro Comando de Vitória (PCV).

Carlos Alberto, de acordo com a polícia, era membro da facção Terceiro Comando Puro (TCP) e teria migrado para o PCV. Ele seria o responsável por diversos ataques que ocorreram na região de Nova Almeida, entre 2023 e 2024. Já Ryan seria um dos líderes do tráfico em Lagoa de Carapebus.

Os três teriam se unido para expandir a área de atuação, que atualmente é dominada pelo TCP. Eles teriam fugido para o Rio de Janeiro e são procurados.

Eles teriam contratado Marlon Furtado Castro e Maik Rodrigues Furtado para identificar alvos a serem executados e escolher quem do grupo do tráfico cometeria o ataque. A dupla, que já foi presa, também teria que disponibilizar as armas. 

Marlon Furtado, Maik Rodrigues e Marina de Paula já foram presos. (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)

Parte do armamento ficava escondida na casa da advogada Marina de Paula dos Santos, também presa. Ela é companheira de Marlon e, segundo a polícia, também trazia recados do sistema prisional para o grupo.

Marina e Marlon teriam contratado Arthur Folli Rocha, também já preso, por R$ 100 para vigiar a movimentação de viaturas entre Novo Horizonte e Balneário Carapebus.

Ainda segundo a investigação, Marlon e Maik teriam contratado Izaque de Oliveira Moreira para dar fuga ao grupo, caso algo desse errado no ataque aos rivais. Ele teria tentado ajudar Pedro Henrique dos Santos Neves, um dos executores, na fuga, mas os dois acabaram presos.

Arthur Folli, Izaque de Oliveira e Pedro Henrique foram preso. (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)

*Com informações do repórter Paulo Rogério, da TV Vitória/ Record

Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória

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