Armas de uso militar

Fuzis e submetralhadoras: apreensões no ES crescem mais de 400%

Estudo aponta que, entre 2019 e 2023, Estado teve o maior aumento proporcional das apreensões de armas longas e de calibre grosso

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Espírito Santo teve aumento de 467% nas apreensões de armas de uso militar. Foto: Reprodução/TV Vitória
Espírito Santo teve aumento de 467% nas apreensões de armas de uso militar. Foto: Reprodução/TV Vitória

O número de apreensões de armas de uso militar cresceu na região Sudeste entre 2019 e 2023, segundo um estudo realizado pelo Instituto Sou da Paz. Somente no Espírito Santo, o aumento foi de 467%.

O número de apreensões de armas longas e de grosso calibre mais que quadruplicou no território capixaba. O Estado foi o que teve o maior aumento proporcional entre todos da região Sudeste.

Em relação ao Espírito Santo, a categoria de armas que a gente viu aumentar mais neste período foi a de submetralhadoras. Nessa categoria, os tipos de origem que mais se destacam são a fabricação artesanal e também as marcas brasileiras e europeias.”

Natália Pollachi, diretora de projetos do Instituto Sou da Paz

O aumento em todo o Sudeste foi de 11,4%, segundo o estudo. O Rio de Janeiro é o estado que lidera em números absolutos e também apresentou aumento, de 32%, nas apreensões.

O crescimento no número de apreensões aponta para o fortalecimento dos grupos criminosos e a ampla circulação de armamento. A presença das armas estrangeiras e produzidas clandestinamente no território nacional também demonstram o desafio do poder público.

“A presença dessas armas é o que facilita operações mais complexas por parte do crime organizado, como o domínio territorial, o enfrentamento a agentes do estado, assaltos a bancos e execução de autoridades. Tudo isso é facilitado pelo acesso às armas de uso militar”, disse Natália.

Casos recentes ilustram aumento

Em julho, a Polícia Militar e a Guarda Municipal de Vila Velha realizaram outra grande apreensão de armamento com características militares. Um homem de 26 anos tentou fugir de carro, mas foi alcançado e preso pelos agentes.

Com ele, as equipes apreenderam a chave de um imóvel, onde havia três fuzis, sendo dois com seletor de rajada, uma espingarda 0.12 mm semiautomática, mais de mil munições, carregadores e drogas.

Um mês antes, em junho, a Polícia Militar apreendeu, também em Vila Velha, dois fuzis calibre 556 e sete carregadores com aproximadamente 150 munições, além de três pistolas calibre 9mm. As apreensões ocorreram no mesmo dia, nos bairros Primeiro de Maio e Guaranhuns. Um homem de 45 anos foi preso.

Em janeiro, a Polícia Civil apreendeu 54 armas de fogo compradas legalmente e vendidas de forma clandestina a quem não tem autorização para portar. Entre os clientes, estava um miliciano do Rio de Janeiro. As armas eram vendidas em uma loja de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo. O dono da empresa, de 39 anos, foi preso.

O delegado da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), Guilherme Eugênio Rodrigues, explica que, geralmente, as armas são compradas legalmente e revendidas no mercado clandestino a preços mais altos.

Segundo ele, com a flexibilização dos critérios de controle de venda de armas, mais pessoas passaram a ter o direito de compra desses armamentos. O crime organizado se aproveitou disso para recrutar compradores de armas e realizar a revenda para os criminosos.

Quando se abriu a mais pessoas o direito de compra dessas armas, houve um desvio muito significativo. Muitas pessoas sem antecedentes criminais foram recrutadas pelo crime organizado para se passarem pelos compradores dessas armas, já na expectativa de promover o posterior desvio delas.”

Guilherme Eugênio Rodrigues, delegado

Para reprimir o comércio ilegal de armas de fogo, a delegacia intensificou a fiscalização e o monitoramento no Estado. Rodrigues destaca que o foco da Desarme é a identificação e prisão dos infratores e lembra que o tráfico de armas é considerado crime hediondo e bem mais grave que a posse ou o porte ilegal.

*Com informações da repórter Gabriela Valdetaro, da TV Vitória/Record

Redação Folha Vitória

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Redação Folha Vitória é a assinatura coletiva que representa a equipe de jornalistas, editores e profissionais responsáveis pela produção diária de conteúdo do Folha Vitória. Comprometida com a excelência jornalística, a equipe atua de forma integrada para garantir informações precisas, atualizadas e relevantes, sempre alinhada à missão de informar com ética, democratizar o acesso à informação e fortalecer o diálogo com a comunidade capixaba. O trabalho do grupo reflete o padrão de qualidade da Rede Vitória de Comunicação, consolidando o veículo como referência em jornalismo digital no Espírito Santo.

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