Polícia

Jean Du PCB foi 'decisivo' para que jovem fosse estuprada em Linhares, diz juíza

Segundo a magistrada, que condenou o DJ e outros cinco homens por estupro, Jean 'exercia certa autoridade e voz de comando em relação aos demais'

Jean Du PCB foi ‘decisivo’ para que jovem fosse estuprada em Linhares, diz juíza Jean Du PCB foi ‘decisivo’ para que jovem fosse estuprada em Linhares, diz juíza Jean Du PCB foi ‘decisivo’ para que jovem fosse estuprada em Linhares, diz juíza Jean Du PCB foi ‘decisivo’ para que jovem fosse estuprada em Linhares, diz juíza
Foto: Reprodução / Instagram

Condenado, em segunda instância, a nove anos, quatro meses e 15 dias de prisão por estupro, o músico, produtor e empresário Jean Carlo Pereira dos Santos, de 27 anos, mais conhecido como “Jean Du PCB”, teria sido um dos principais incentivadores para que o crime fosse praticado.

A reportagem do Jornal Online Folha Vitória teve acesso, com exclusividade, à integra da sentença que determinou a condenação do DJ, famoso no cenário do funk capixaba e que conta com 116 mil seguidores no Instagram. O processo tramita em segredo de Justiça.

Jean foi preso no último sábado (19), em Vitória, por haver contra ele um mandado de prisão, devido a essa condenação. O mandado foi expedido pela Justiça no último dia 7 de junho. O músico havia sido condenado, em primeira instância, em junho de 2019.

Também foram condenados outros cinco homens, que faziam parte do grupo musical de Jean. A vítima foi uma jovem de 21 anos, que mantinha um relacionamento amoroso com um dos réus, na época dos fatos.

O crime

O crime aconteceu no dia 22 de julho de 2018, em um quarto de hotel em Linhares, no norte do estado. A vítima e os acusados haviam saído de uma boate da cidade, onde o conjunto musical havia se apresentado. 

Da casa de shows, eles seguiram, em uma van, para o hotel onde o grupo estava hospedado e onde aconteceu o crime. Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público Estadual (MPES), os acusados ameaçaram a vítima e a obrigaram a manter relações sexuais com eles. Ainda segundo a denúncia, a jovem estava sob efeito de álcool.

Pelos depoimentos dos envolvidos — inclusive, da própria vítima — Jean não chegou a ter relações com a jovem. Entretanto, no entendimento da juíza Patrícia Plaisant Duarte, da 3ª Vara Criminal de Linhares, ele foi decisivo para que o estupro fosse consumado.

“O acusado Jean exercia certa autoridade e voz de comando em relação aos demais — todos unidos para um único fim —, o que não deixa dúvida de que sua conduta foi decisiva para a consumação do delito”, destaca a juíza, em sua decisão.

Segundo versão apresentada pela vítima na época do crime, e que consta nos autos, a jovem estava no quarto com o rapaz com quem se relacionava na época, e mantinha relações sexuais consentidas com ele.

No entanto, em determinado momento, os outros cinco acusados, incluindo Jean, entraram no quarto e viram os dois em plena relação. A jovem conta que se cobriu com um lençol e ficou sem reação diante da presença do grupo, não conseguindo gritar por socorro.

Segundo ela, o rapaz com quem ela se relacionava a deixou sozinha com os outros cinco homens e disse que “não poderia fazer nada”. Um dos acusados teria tentado puxar o lençol que cobria a jovem nua. A vítima relatou ainda que alguns dos acusados a obrigaram a fazer sexo oral e que um deles chegou a penetrá-la.

A jovem contou também que, apesar de Jean não ter tocado nela, em determinado momento ele teria dito que nada do que acontecesse ali era para alguém ficar sabendo e o que o rapaz que se relacionava com ela na época teria dito que não tinha ciúmes dela.

Ainda segundo a vítima, os acusados só pararam de estuprá-la quando Jean se levantou e mandou que eles parassem. A jovem relatou também que Jean disse que, como o rapaz que se relacionava com ela não tinha ciúmes, o grupo acreditou que a vítima cederia.

Depois que os acusados saíram do quarto, a jovem chamou a Polícia Militar, que conduziu os envolvidos para a Delegacia Regional de Linhares.

Prisão na saída de festa

O DJ foi preso na noite do último sábado, após sair de um pagode clandestino no bairro Jesus de Nazareth, em Vitória. Segundo a Polícia Militar, houve uma denúncia de que Jean estava no bairro participando de um evento, que contava com uma roda de pagode. O show não deveria acontecer por causa das restrições sanitárias, devido à pandemia.

Os agentes da Força Tática da Polícia Militar foram ao local e abordaram Jean Du PCB quando ele deixava a comunidade, na direção de um veículo Land Rover Evoque branco, que pertence ao DJ. O veículo foi revistado e entregue ao produtor musical do artista.

O DJ foi conduzido para a Delegacia Regional de Vitória. A Polícia Civil informou que, em seguida, ele foi encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, para exames de corpo de delito. No dia seguinte, ele foi levado para o Centro de Triagem de Viana. 

O outro lado

A reportagem entrou em contato com o advogado Leandro de Oliveira, responsável pela defesa de Jean Du PCB no processo. O advogado disse que, como assumiu o caso na última segunda-feira (21), ainda não teve tempo para ler todo o processo e que ele ainda está em processo de análise.

No entanto, o advogado adiantou que há um recurso ainda pendente de julgamento, que foi encaminhado para Brasília. “Até que se prove o contrário, todos nós, não só o Jean, somos considerados inocentes. Acreditamos severamente na absolvição do Jean nos tribunais superiores”, declarou ele.