
A Justiça do Espírito Santo decidiu manter a prisão de Luan dos Santos Braz, de 29 anos, suspeito por matar a namorada, a administradora Rayana Bittencourt de Oliveira Rios da Silva, 36 anos, dentro de casa em Residencial Jacaraípe, na Serra. A audiência de custódia foi no início da tarde desta sexta-feira (14).
Luan está preso temporariamente pelos crimes de feminicídio e também por tentativa de homicídio contra um motociclista por aplicativo que levou a filha de Rayana à residência do casal na hora do crime. O motociclista tentou conversar com o suspeito, na ocasião, mas foi esfaqueado no abdômen.
Rayana foi morta a facadas, diante dos filhos, no último domingo (9). Após o crime, Luan fugiu e permaneceu escondido por três dias em uma área de mata próxima ao local do feminicídio. Ele foi preso na tarde de quarta-feira (12), e admitiu a execução.
Em nota enviada à reportagem, os advogados Lohany Caldas, Maria Carolina Porto e Walas Paiva Espíndola, que atuam na defesa de Luan, confirmaram a decisão da audiência de custódia e declararam que ele não premeditou o crime.
“A defesa informa que o acusado, em sede policial, confessou ter sido o autor do ato que resultou na morte da vítima. Ressalta, contudo, que não houve qualquer sessão de tortura, tampouco intenção deliberada de provocar o desfecho fatal. Trata-se de uma situação que evoluiu de forma rápida e inesperada, sem qualquer premeditação”, diz a nota da defesa.
Os advogados ainda declaram no texto que Luan se arrependeu de ter matado a namorada.
“Logo após perceber o que havia feito, tomado por arrependimento e remorso, o acusado manifestou a intenção de tirar a própria vida, circunstância em que seu pai interveio prontamente e conseguiu estabelecer contato com as autoridades, possibilitando a rendição de forma pacífica”, revela a nota.
“Frio e sem remorso”, afirma delegada
A delegada Raffaela Aguiar, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), revelou que Luan confessou o crime sem demonstrar qualquer arrependimento.
“Durante o interrogatório, percebemos que ele é uma pessoa extremamente fria. Confessou o que fez, mas sua postura e linguagem corporal mostravam claramente que não sentia remorso. Segundo ele, sentiu-se no direito de agir daquela forma porque encontrou, na casa da vítima, fotos do ex-companheiro dela”, relatou a delegada durante uma coletiva na quarta-feira.
A defesa de Luan alega que a forma como ele se comportou era “compatível com alguém que passou três dias sem dormir, ainda tentando assimilar os fatos”. Elas reforçaram confiar na Justiça e no andamento do processo para esclarecer todas as circunstâncias do caso.
Segundo a investigação, o ataque foi provocado por um surto de ciúmes de Luan, depois que o filho de Rayana encontrou uma fotografia do pai, ex-companheiro da vítima, já falecido.
A violência daquele dia não foi o primeiro episódio. A delegada informou que Luan já havia agredido Rayana em outras ocasiões. Em uma delas, durante uma viagem ao Rio de Janeiro, ela chegou a obter uma medida protetiva.