A operação que prendeu um advogado suspeito de atuar como mensageiro para líderes de facções presos em penitenciárias da Grande Vitória também prendeu um pastor, que, segundo as investigações, cometia o mesmo crime.
De acordo com o secretário de Justiça, Rafael Pacheco, o religioso aproveitava o acesso que tinha aos presidiários para repassar a eles mensagens de criminosos do lado de fora da cadeia.
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Ainda que o suspeito passasse por revista antes de entrar no presídio e as visitas fossem monitoradas por policiais penais, o pastor conseguia repassar mensagens faladas para os criminosos, segundo o secretário.
“Obviamente, ele não escrevia bilhetes durante esses momentos, até porque os policiais penais estão ali presentes supervisionando esse momento, mas foi a partir da comunicação dos outros integrantes do grupo que se percebeu que ele se aproveitava daqueles grupos religiosos para facilitar a comunicação com esses presos para levar algumas mensagens faladas”, relatou o secretário.
Além do pastor e do advogado, outras sete pessoas também foram presas suspeitas de participação no esquema criminoso.
A “Operação Scriptor“ cumpriu oito mandados de busca e apreensão, nove mandados de prisão temporária e três mandados contendo medidas cautelares diversas da prisão contra os investigados.
O secretário esclareceu que apesar da prisão do pastor, os serviços de assistência espiritual e religiosa nos presídios contam com centenas de voluntários, que não são investigados.
“As prisões têm a ver com desvio das funções, das atividades, o serviço de assistência espiritual e religiosa é fundamental para execução penal. São centenas de voluntários que dedicam seu tempo, seus esforços, a levar a palavra, levar esperança e somos gratos a essas pessoas”, disse.
Prisão de advogado
As investigações apontam que o advogado mantinha contato com ao menos quatro lideranças de facções criminosas do Estado, atuando como mensageiro e articulador externo.
De acordo com a PF, ele viabilizava a transmissão de ordens estratégicas e a coordenação das atividades criminosas, permitindo que os líderes continuassem comandando os núcleos operacionais mesmo dentro dos presídios.
Outros quatro mandados de prisão temporária ainda estão em aberto e os suspeitos estão foragidos. Todos os mandados foram expedidos pelo Juízo de Garantias de Marechal Floriano.
Advogado já era investigado em outra operação
Um dos alvos da Operação Scriptor é um advogado suspeito de transmitir ordens dadas por líderes da facção criminosa que estão presos para os integrantes do grupo que estavam em liberdade.
Ele foi investigado na Operação Recado Reverso, deflagrada em 11 de julho de 2024, que apurava a atuação de advogados na transmissão de informações de lideranças criminosas que estavam presas para integrantes de facção em liberdade.
Na oportunidade, o investigado teve o exercício da advocacia suspenso por decisão judicial.
No entanto, em junho deste ano, o advogado foi flagrado prestando atendimento jurídico a presos mesmo estando com o exercício da profissão suspenso, segundo a Polícia Federal. Na ocasião, foram apreendidos aparelhos celulares, manuscritos, a carteira da OAB e ele assinou um Termo Circunstanciado.
Operação Scriptor
O nome “Operação Scriptor” foi escolhido em referência ao termo latino “scriptor“, que significa “escritor” ou “aquele que redige”. Segundo a PF, o título remete ao papel de mensageiro desempenhado pelo advogado investigado.
A operação foi realizada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco/ES), coordenada pela Polícia Federal, com apoio da Polícia Penal do Espírito Santo (PPES).
Além de coordenada pela PF, a Ficco é composta pelas Polícias Militar (PMES) e Penal (PPES), pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN), e pelas Guardas Municipais de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana.
*Com informações da repórter Gabriela Valdetaro, da TV Vitória/Record
Repórter
Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.
