Foto: Divulgação/ Pixabay

A violência doméstica contra a mulher continua crescendo no Brasil. Em 2023, o número de vítimas que sofreram algum tipo de agressão doméstica subiu 9,8% em relação ao ano anterior, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública

O levantamento, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), destaca que a maioria das agressões acontece no ambiente doméstico, onde as mulheres deveriam encontrar segurança e acolhimento.

“O lugar mais perigoso acabou se tornando a própria casa, pois quem mais agride e mata essas vítimas são os maridos, companheiros e namorados”, alertou a advogada Gabriela Küster, especialista em violência doméstica.

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A situação é ainda mais crítica quando se analisa o feminicídio, definido pela lei como o assassinato de uma mulher por razões de gênero. Em 2023, houve um aumento de 0,8% nos casos de feminicídio em comparação com 2022, com 63% desses crimes cometidos por parceiros íntimos. 

“Em nome da família, muitas vítimas se calam, acreditando que são obrigadas a suportarem tais agressões, com a esperança de que seus agressores possam mudar milagrosamente. Essa crença tem um preço alto, que muitas vítimas pagam com a própria vida”, ressaltou a advogada.

O Folha Vitória conversou com especialistas no assunto para entender as nuances dessa crescente onda de violência. 

O advogado criminalista Rivelino Amaral destacou que a violência doméstica muitas vezes começa com agressões verbais e psicológicas, que podem escalar para agressões físicas e, por fim, culminar no feminicídio. 

“Estudos do CNJ apontam que a violência doméstica inicia-se com agressões verbais, violência psicológica. Após esse primeiro momento, passam a surgir as agressões físicas. E, infelizmente, por último, o feminicídio, que vem aumentando assustadoramente a cada dia”, disse.

Além disso, o anuário revelou um aumento significativo em outros tipos de violência contra a mulher. As ameaças aumentaram 16,5%, enquanto os crimes de violência psicológica cresceram 33,8%. 

Gabriela Küster enfatizou a importância de denunciar todos os tipos de agressões: “Humilhar, xingar, chantagear e ameaçar também são crimes que devem ser denunciados e punidos.”

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Rivelino Amaral ressaltou ainda os mecanismos de proteção disponíveis para as mulheres, como o botão do pânico, medidas protetivas, e visitas tranquilizadoras, além de alterações na legislação. 

“O Estado procura disponibilizar mecanismos de proteção para as mulheres […] aumento das penas e inclusão de crimes no código penal, que não existiam, visto que o Código Penal é da década de 40”, explicou.

Por fim, Amaral reforçou a importância de buscar ajuda.

“Às vítimas de qualquer tipo de violência, devem procurar a delegacia mais próxima e registrar uma ocorrência. Embora exista delegacia especializada de proteção à mulher.”

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Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023

Carlos Raul Rodrigues, estagiário do Folha Vitória
Raul Rodrigues

Repórter

Jornalista em formação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), atuou como estagiário no Jornal Folha Vitória entre 2023 e 2025. Atualmente atua como Produtor dos Jornais Cidade Alerta ES e do Jornal da TV Vitória e Repórter no Jornal Online Folha Vitória.

Jornalista em formação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), atuou como estagiário no Jornal Folha Vitória entre 2023 e 2025. Atualmente atua como Produtor dos Jornais Cidade Alerta ES e do Jornal da TV Vitória e Repórter no Jornal Online Folha Vitória.