Operação Argos

Propinas, drogas e agiotagem: Justiça decreta prisão de 15 policiais militares no ES

O Ministério Público denunciou os policiais por corrupção. Os PMs teriam ligação com facções criminosas e até revenda de drogas apreendidas

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Policiais durante a Operação Argo. Foto: MPES/ DIvulgação
Policiais durante a Operação Argo. Foto: MPES/ DIvulgação

O Tribunal de Justiça do Espírito Santo aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado (MPES) e determinou a prisão preventiva de 15 policiais militares investigados na Operação Argos, além do afastamento integral de todos os denunciados de suas funções.

A decisão atende ao pedido do Ministério Público, que destacou a necessidade das medidas para garantir a ordem pública, a instrução criminal e a aplicação da lei penal.

A denúncia, apresentada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPES) e pela Promotoria de Justiça junto à Auditoria Militar, descreve um esquema de corrupção, além do recebimento de propinas de facções criminosas, desvio e revenda de drogas apreendidas, lavagem de dinheiro e prática de agiotagem.

Segundo a decisão, a gravidade dos fatos e a sofisticação da organização criminosa justificam a segregação cautelar dos réus. O tribunal também reconheceu que a manutenção dos militares em funções administrativas comprometeria a disciplina e a credibilidade da instituição, determinando o afastamento integral de qualquer atividade policial.

Ministério Público do Espírito Santo

Operação foi deflagrada em julho

A Operação Argos foi deflagada no dia 30 de julho em Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra, em parceria com a Corregedoria da Polícia Militar, reuniu simultaneamente as Operações Íris e Lúmen, destinadas à investigação de pessoas físicas que atuavam com os militares.

Na data, foram cumpridos mandados de prisão, busca e apreensão e afastamento cautelar de função pública. Dos 22 investigados, 15 são policiais militares. Na operação participaram 10 promotores de Justiça e aproximadamente 120 policiais militares do serviço correcional e da Assessoria Militar do Ministério Público. 

As investigações, fundamentadas em mensagens e dados obtidos na Operação Pardal e em análises bancárias, apontam que os 15 militares integravam uma organização criminosa que, de 2021 a 2025, transformou a atividade policial em fonte de renda ilícita.

Ministério Público do Espírito Santo

Pedidos do Ministério Público

O Ministério Público obteve a prisão preventiva de todos os investigados, com manutenção do afastamento funcional cautelar.

Para nove dos PMs foi pedida a ratificação das prisões já decretadas; para outros seis, o MPES solicitou a revogação de medida de menagem – liberdade vigiada e a conversão em prisão preventiva.

Também foram solicitadas medidas patrimoniais: indisponibilidade de bens, bloqueio de contas bancárias e aplicações financeiras, restrição de veículos e embarcações, registro de indisponibilidade de imóveis, bloqueio de ativos financeiros e penhora de precatórios.

Ressarcimento dos danos em mais de R$ 2 milhões

Segundo o Ministério Público, essas providências visam garantir o ressarcimento dos danos, estimados inicialmente em mais de R$ 2 milhões, além de evitar que os réus ocultem patrimônio. Esse valor do dano é preliminar e será consolidado após a análise definitiva dos dados financeiros.

O MPES requer, ainda, desconto cautelar de 30% dos salários dos policiais depositados em conta judicial e a possibilidade de liberação de bens que se mostrem excessivos em relação ao valor do dano.

O órgão também solicita que, ao final do processo, os acusados sejam condenados pelos crimes descritos e percam todos os bens ilícitos.

“Requer também a fixação de indenização por danos patrimoniais e morais coletivos, bem como a perda da função pública como efeito automático da sentença”, diz a denúncia.

A reportagem do Folha Vitória procurou a Polícia Militar, que enviou uma nota declarando que vai cumprir a determinação judicial. Veja o comunicado na íntegra:

“A Polícia Militar reforça seu compromisso com a transparência e a ética na prestação de informações, como forma de garantir o fiel cumprimento das leis, decretos e regulamentos. Reforça que está ciente dos fatos e que serão tomadas todas as medidas legais e administrativas pertinentes para apuração das condutas dos policiais envolvidos. A Polícia Militar informa ainda que será cumprida a determinação do TJES, os policiais envolvidos serão investigados internamente nas formas da lei, podendo sofrer sanções administrativas ou até demissionárias”.

Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória

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