O caso do juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira, denunciado como mandante do assassinato do também juiz Alexandre Martins de Castro Filho, há 22 anos, está há quase um mês sem definição no Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES).
Isso porque, após o cancelamento do julgamento no juízo criminal de Vila Velha, declarado incompetente para julgar o caso devido ao foro por prerrogativa de função, no fim de julho, dois relatores já foram sorteados no TJES e se declararam suspeitos.
Em 1 de agosto, a relatoria foi distribuída por sorteio ao desembargador Dair José Bregunce de Oliveira. Cinco dias depois, ele se declarou suspeito por motivo íntimo.
O processo foi redistribuído em 7 de agosto para o desembargador Fabio Clem de Oliveira que, no dia 13, também declarou a suspeição pelo mesmo motivo.
Agora, o caso deve ser novamente distribuído por meio de sorteio para outro relator. Em junho, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou a adoção de providências para que a sessão de julgamento fosse realizada em no máximo 90 dias.
O assassinato do juiz Alexandre Martins
Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado em 24 de março de 2003, aos 32 anos, com três tiros quando chegava a uma academia no bairro Itapoã, em Vila Velha.
No total, dez pessoas foram acusadas de envolvimento na morte do magistrado, sendo que apenas o juiz Leopoldo, apontado como um dos mandantes do assassinato, ainda não foi julgado. Ele nega a acusação.
Por conta da série de recursos que o denunciado interpôs em instâncias superiores, seu julgamento já foi adiado por diversas vezes.
A polícia chegou ao nome de Leopoldo em 2005. Depois de prestar depoimento, ele foi preso preventivamente e levado para o Quartel da Polícia Militar, em Vitória. Lá, passou mais de oito meses na cadeia até conseguir um habeas corpus.
Além do juiz, outras duas pessoas foram denunciadas como mandantes do assassinato de Alexandre.
Motivação do crime
O magistrado assassinado se destacou por investigar e combater o crime organizado no Espírito Santo. Ele formou-se em Direito em 1991, quando tinha 21 anos.
Alexandre Martins era especialista em direito penal e processual penal, e lecionou durante três anos em uma faculdade particular de Vitória. A atuação do juiz à frente da Vara de Execuções Penais era destaque.
Em 2002, um ano antes da sua morte, o juiz Alexandre Martins integrou a missão especial federal de investigações contra o crime organizado.
Um documento explicou que os magistrados Alexandre e Carlos Eduardo Lemos, que também atuava na Vara de Execuções Penais, passaram a ser ameaçados de morte logo após comunicarem ao Tribunal de Justiça as anomalias existentes na Vara. No dia do assassinato, Alexandre dispensou a segurança.
Sete pessoas foram presas: dois atiradores e cinco intermediários acusados de auxiliar na elaboração do crime. Todos foram julgados e condenados a penas que vão de oito a 25 anos de prisão. Hoje, quase todos já estão soltos.