Política

Comissão isenta Traumann de infração em documento do "caos político"

Comissão isenta Traumann de infração em documento do “caos político” Comissão isenta Traumann de infração em documento do “caos político” Comissão isenta Traumann de infração em documento do “caos político” Comissão isenta Traumann de infração em documento do “caos político”

Brasília – A Comissão de Ética Pública da Presidência da República alertou nesta segunda-feira, 28, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) que a divulgação de informações do governo federal não deve ser usada com a “finalidade de subsidiar ou favorecer a participação de autoridades em disputas político-partidárias”.

A recomendação consta no relatório do conselheiro Mauro Menezes, que isentou o jornalista Thomas Traumann de ter cometido infração ética por conta da elaboração de texto interno que apontava uma situação de “caos político” e “comunicação errática” do Palácio do Planalto. O caso foi revelado com exclusividade pelo portal Estadão.com.

Entre as sugestões feitas pela Comissão de Ética à Secom estão a de que página pessoal da presidente Dilma Rousseff no Facebook seja administrada pela própria secretaria – atualmente, existe um perfil intitulado “Dilma Rousseff” gerenciado pelo Partido dos Trabalhadores.

A comissão também alerta para o cuidado de separar “matérias de interesse unicamente privado e aquelas de interesse público, de forma a garantir que assuntos de caráter estritamente pessoal e íntimo das autoridades não sejam objeto de veiculação com base no aparato público”.

Goleada

O processo para apurar a conduta de Traumann foi instaurado em 24 de março, a pedido do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Um dia depois, o jornalista pediu à presidente Dilma Rousseff exoneração do cargo.

O documento produzido pela Secom afirmava que os apoiadores da presidente estavam levando uma “goleada” da oposição nas redes sociais. O texto apontava como saída o investimento maciço em publicidade oficial em São Paulo, cidade administrada pelo petista Fernando Haddad e que virou o epicentro das manifestações anti-Dilma.

De acordo com o texto, “a guerrilha política precisa ter munição de dentro do governo, mas ser disparada por soldados fora dele”.

Consumo interno

Conforme relatório do conselheiro Mauro Menezes, o jornalista alegou em sua defesa que o documento foi produzido apenas para “consumo interno” e, por essa razão, conteria “linguagem cotidiana, metáforas fáceis e autocríticas duras”.

Traumann também explicou que o texto foi distribuído, “através de e-mail particular, entre ministros de Estado” e que pretendia ser “apenas uma avaliação de conjuntura preparada para servir de base a debates internos”. De acordo com o relator, o jornalista se penitenciou por ter usado “metáforas bélicas ao longo do texto”.

Na opinião do conselheiro relator, o linguajar foi “inadequado”. “Em que pese a impropriedade da linguagem comparativa bélica escolhida pela ex-autoridade, da interpretação do texto em sua inteireza deduz-se não ter havido transgressão ética a justificar a imposição de sanção por esse motivo”, concluiu Menezes.