Justiça suspende votação de projeto Escola sem Partido em Vitória Justiça suspende votação de projeto Escola sem Partido em Vitória Justiça suspende votação de projeto Escola sem Partido em Vitória Justiça suspende votação de projeto Escola sem Partido em Vitória
André Moreira protocolou pedido de impeachment contra Pazolini / crédito: Câmara de Vitória
André Moreira protocolou pedido de impeachment contra Pazolini / crédito: Câmara de Vitória

A 3ª Vara da Fazenda Pública Estadual e Municipal suspendeu a tramitação e a votação dos projetos protocolados na Câmara de Vitória que tratam da Escola sem Partido. Com isso, a votação dos projetos 225/2017, de autoria do vereador Davi Esmael (PSD), e 218/2022, do vereador Leo Monjardim (Patriota), que estavam marcados para o próximo dia 13, não vai mais ocorrer.

A decisão liminar foi assinada pelo juiz Mario da Silva Nunes Neto, nesta sexta-feira (24), e atendeu a um mandado de segurança impetrado pelo vereador de Vitória André Moreira (Psol).

“Sendo aparente a inconstitucionalidade das proposições legislativas e notório o fato de que ambas serão levadas à votação do plenário da Câmara Municipal nos próximos dias (…), entendo que o pleito liminar deve ser acolhido. Ante o exposto, defiro a liminar para determinar a suspensão da tramitação e qualquer deliberação relativa aos projetos de lei de n.º 225/2017 e n.º 218/2022, até ulterior decisão deste juízo, nos termos do art. 300 do CPC”, justificou o juiz em sua decisão.

Veja a decisão na íntegra:

Decisão MS Escola Sem Partido André (1)

 

A coluna noticiou na última quinta-feira (23) que o presidente da Câmara, Leandro Piquet (Republicanos), havia marcado o próximo dia 13 para colocar em votação os dois projetos que são praticamente idênticos. A diferença é que a proposta de Monjardim estende a lei para além das escolas municipais, chegando aos colégios particulares também.

Entre as normas que o projeto propõe, estão a fixação de cartazes com proibições aos professores, criação de um canal de denúncias e sanções aos educadores que veem o projeto como uma espécie de “mordaça” em sala de aula e interferência à liberdade de cátedra.

“No nome, o projeto de lei parece algo positivo, mas como o lobo que se esconde na pele de cordeiro, assim são esses projetos. Em verdade, eles tentam limitar a forma e os temas que podem ser abordados em sala de aula por professores da rede pública e até da particular. O projeto fere a Constituição e é totalmente antidemocrático”, disse Moreira.

Procurado, Piquet disse que até a noite de sexta-feira, a Câmara de Vitória não tinha sido notificada sobre a decisão. “Chegando a decisão iremos cumprir”, disse Piquet.

Monjardim, ao saber da decisão, rebateu: “A intenção do impetrante (vereador André Moreira) é distorcer a finalidade do projeto de lei (…) A finalidade dos projetos apresentados insere-se em contexto maior, de polarização política, e buscam impedir doutrinação, em sala de aula, de crianças e adolescentes, garantindo eficácia aos princípios e normas gerais, principalmente à liberdade de aprender do aluno”, disse o autor de um dos projetos.

Questionado se iria recorrer da decisão liminar, Monjardim disse que na segunda-feira (27) vai avaliar com sua assessoria jurídica e com a Procuradoria da Câmara de Vitória.

Em 2018, um outro mandado de segurança foi impetrado – pelo então vereador Roberto Martins – para suspender a tramitação do mesmo projeto, no caso, o de Davi. Porém, ao analisar o mérito, a Justiça suspendeu a liminar entendendo que não poderia interferir antes da votação e eventual aprovação no Legislativo.

Decisões judiciais recentes sobre a mesma matéria dão conta de sua inconstitucionalidade, por ser a educação nacional de competência da União, e também por ir contra a pluralidade no ensino, garantida pela Constituição.

Em tempo: Após a publicação da coluna, o vereador Davi Esmael – que não tinha retornado aos contatos anteriormente – encaminhou a seguinte nota:

“Recebi com surpresa a decisão judicial que suspendeu a votação. Recorrer ao Judiciário é uma demonstração de desespero da esquerda em ver um projeto de lei que combate a interferência política na escola chegar ao plenário. É uma interferência sem sentido sobre o Poder Legislativo. O próprio Judiciário já entendeu, anteriormente, que deveria aguardar a votação do projeto para depois julgar algo a seu respeito. Irei recorrer da decisão e espero contar com o bom senso de que seja respeitada a independência do Legislativo”.

 

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Fabiana Tostes

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.

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