Foto: Freepik
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Você pode nem perceber, mas seus dentes podem estar sofrendo mesmo quando você não está comendo. Atos como roer unhas, morder tampas de caneta ou ranger os dentes durante o sono são chamados de hábitos parafuncionais — comportamentos repetitivos que envolvem a boca, mas que não têm relação com funções naturais como mastigar, falar ou engolir.

Embora comuns, esses hábitos podem causar sérios danos à sua saúde bucal e até comprometer o equilíbrio de outras partes do corpo, como a cabeça, pescoço e articula…Segundo o Conselho Federal de Odontologia, os hábitos parafuncionais atingem uma grande parcela da população, especialmente em momentos de estresse, ansiedade ou tensão muscular.

Hábitos que prejudicam os dentes

O exemplo mais conhecido é o bruxismo, caracterizado por contrair, apertar ou ranger os dentes, geralmente durante o sono ou na vigilia. O problema é silencioso, mas pode causar consequências barulhentas: dores nos maxilares, dores de cabeça, desgaste dental, fraturas em restaurações e até dificuldade para abrir a boca ao acordar.

Com o tempo, a força excessiva aplicada aos dentes pode danificar a articulação temporomandibular (ATM), responsável por abrir e fechar a boca.

Outro hábito comum, especialmente entre crianças e adolescentes, é o morder objetos, como canetas, lápis ou a própria bochecha. Esse comportamento pode parecer inofensivo, mas altera a posição dos dentes e favorece pequenos traumas na mucosa oral, aumentando o risco de lesões, infecções e desalinhamento dentário.

Já o velho costume de roer as unhas também prejudica a saúde bucal: além de trazer sujeira e bactérias para a boca, causa microfraturas nos dentes anteriores e sobrecarga nos músculos da face.

Impactos além da boca

É importante destacar que esses hábitos não estão ligados apenas à boca. Muitos pacientes com parafunções relatam dores cervicais, zumbidos, sensação de ouvido entupido e até distúrbios do sono.

A relação é direta: a musculatura envolvida nas parafunções é a mesma que participa de outros movimentos da cabeça e pescoço. Quando há sobrecarga, o corpo responde com dor e desconforto generalizado.

Como controlar

A boa notícia é que esses comportamentos podem ser controlados com o acompanhamento de profissionais da saúde, como dentistas, fonoaudiólogos e psicólogos.

O primeiro passo é o diagnóstico clínico, feito a partir de sinais como desgaste nos dentes, dor muscular, estalos na articulação da mandíbula e hábitos observados pelo paciente ou por pessoas próximas. O dentista pode indicar o uso de placas interoclusais para proteger os dentes, orientar exercícios musculares e recomendar mudanças na rotina.

A prevenção é essencial

A prevenção também é aliada poderosa. Dormir bem, praticar atividades físicas, evitar cafeína em excesso e manter uma rotina equilibrada são atitudes que ajudam a reduzir a tensão muscular e, consequentemente, os hábitos parafuncionais. Estar atento ao próprio corpo e procurar ajuda ao menor sinal de dor ou desconforto é o melhor caminho para manter a boca — e todo o organismo — em equilíbrio.

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Se você já se pegou mordendo o lábio, roendo a tampa da caneta ou acordando com dor no maxilar, fique atento: seu corpo pode estar pedindo ajuda. Cuidar da saúde bucal vai muito além da escova e do fio dental.

Começa no reconhecimento de comportamentos que, embora pareçam inofensivos, carregam um peso silencioso — e muitas vezes doloroso. Afinal, seu sorriso também precisa de descanso, especialmente durante a noite.

Dra. Martha Salim

Colunista

Doutorado em Cirurgia Bucomaxilofacial (UNESP), Mestrado em Patologia Bucodental (UFF), Especialização em Cirurgia Bucomaxilofacial (UERJ), Capacitação em Odontologia Do Sono, Capacitação em Sedação com ÓXido Nitroso, Graduação em Odontologia (UFES), Atua como professora de Cirurgia Bucomaxilofacial da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Revisora Científica das Revistas: Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (JBCOMS) e Brazilian Dental Science (BDS), Autora dos livros "Cirurgia Bucomaxilofacial: diagnóstico e tratamento" (1 e 2 edições), Anestesia Local e Geral na Prática Odontológica, além de colaborar com 38 capítulos de livros e artigos científicos publicados. @dramarthasalim

Doutorado em Cirurgia Bucomaxilofacial (UNESP), Mestrado em Patologia Bucodental (UFF), Especialização em Cirurgia Bucomaxilofacial (UERJ), Capacitação em Odontologia Do Sono, Capacitação em Sedação com ÓXido Nitroso, Graduação em Odontologia (UFES), Atua como professora de Cirurgia Bucomaxilofacial da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Revisora Científica das Revistas: Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (JBCOMS) e Brazilian Dental Science (BDS), Autora dos livros "Cirurgia Bucomaxilofacial: diagnóstico e tratamento" (1 e 2 edições), Anestesia Local e Geral na Prática Odontológica, além de colaborar com 38 capítulos de livros e artigos científicos publicados. @dramarthasalim