Falar em público
Imagem: Freepik

Você se preparou. Idealizou, leu, escreveu e ensaiou. Mas, na hora de falar, o coração acelerou, a boca secou e… nada. O famoso “branco” chegou sem pedir licença e você se deparou com uma situação talvez até constrangedora.

Esse tipo de reação e “bloqueio” é mais comum do que parece. Falar em público é um grande desafio do ser humano. Quando falamos em público áreas do cérebro ligadas à ansiedade, ao julgamento social, à memória emocional são ativadas. Ou seja: não é só uma questão de timidez — é o corpo reagindo a um desafio que ele entende como uma ameaça.

Mas por que isso acontece?

Pra algumas pessoas, quando é necessário se expor, a exemplo de uma aula ministrada, uma palestra para grandes públicos ou até mesmo uma roda de conversa ou reunião de equipe com menos pessoas, o cérebro pode entender que estamos em risco.

Isso ativa o sistema de alerta, liberando hormônios como adrenalina e cortisol que nos preparam para “lutar ou fugir” — ótima estratégia para escapar de um perigo real, mas não tão útil quando estamos apenas diante de uma plateia esperando por uma apresentação.

O problema é que esse estado de alerta interfere na clareza de pensamento, na memória e na fluência da fala. Daí vem o “branco”: o conteúdo está lá, mas o acesso a ele fica bloqueado e a ativação da via de fala fica comprometida.

Dicas para falar em público

  1. Respire. Parece simples, mas respirar com atenção ajuda a reequilibrar o sistema nervoso e a recuperar o controle da situação. Inspire profundamente pelo nariz, solte devagar pela boca. Repita algumas vezes se concentrando apenas na respiração.
  2. Faça exercícios de aquecimento da voz antes da apresentação. Prepare os músculos da voz e da fala para sua atividade.
  3. Aceite o nervosismo. Mentalize: “estou preparado!” Ficar nervoso não é sinal de despreparo.
  4. Volte ao básico. Se der branco, não tente lembrar tudo de uma vez. Retome o fio com frases simples, como “vou começar do início”; “o ponto principal é…” ou interaja com o público com alguma pergunta disparadora. Aos poucos, o conteúdo volta.
  5. Utilize recursos visuais a seu favor. Crie slides que te deixe seguro naquele tópico que quer expor. Assim, você se apoia no material e consegue expor suas ideias.
  6. Treine como se fosse real. Ensaiar em voz alta, em pé, com tempo cronometrado e, se possível, com alguém assistindo, prepara o corpo e a mente para a experiência real. O gesto motor da fala auxilia no aprendizado e na clareza das ideias.
  7. Cuide da mente todos os dias. Práticas como meditação, atividade física, sono de qualidade ajudam a regular a ansiedade no longo prazo.

Falar em público não é dom

Muitas pessoas pensam que falar em público é um dom, mas na verdade, é uma habilidade. E como toda habilidade, pode ser aprendida, treinada e fortalecida com prática e apoio. Quanto mais treinamento, melhor sua habilidade fica. Se o medo de falar está atrapalhando sua vida pessoal ou profissional, vale buscar a ajuda de profissionais especializados em comunicação.

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O “branco” pode até aparecer. Mas ele não precisa decidir o final da sua história.
Esteja preparado, reprograme sua mente e lembre-se que, na maioria das vezes, o medo está na crítica e julgamento dos outros sobre sua performance, e não na forma como você fala.

Cuide da sua voz, da sua saúde e da sua comunicação!

Dra Carolina Anhoque

Colunista

Fonoaudióloga, Especialista em Voz, Mestre em ciências fisiológicas, Doutora em Neurociências, Professora associada da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e Coordenadora do Núcleo de Voz do ES (VozES). @carol_anhoque

Fonoaudióloga, Especialista em Voz, Mestre em ciências fisiológicas, Doutora em Neurociências, Professora associada da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e Coordenadora do Núcleo de Voz do ES (VozES). @carol_anhoque