Silencioso nas fases iniciais, o câncer de pulmão é a principal causa de mortalidade por câncer no mundo. Segundo o Global Cancer Observatory, a doença é responsável por aproximadamente 1,8 milhão de óbitos por ano.
No Brasil, o cenário não é diferente. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que 28 mil brasileiros morrem anualmente em decorrência do tumor. Mas, de acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 85% destes casos poderiam ser evitados, já que estão relacionados ao tabagismo.
A campanha do Agosto Branco reforça a importância do diagnóstico precoce e como hábitos simples fazem a diferença nos cuidados com a saúde pulmonar.
O que é o câncer de pulmão?
O câncer de pulmão pode atingir a traqueia, os brônquios e os próprios pulmões. Os sintomas, muitas vezes silenciosos no início, incluem tosse persistente, dor no peito, rouquidão, escarro com sangue, falta de ar e perda de peso sem causa aparente.
Segundo Fernando Zamprogno, oncologista da Rede Meridional, o tabagismo e o diagnóstico tardio são os principais motivos para a taxa de mortalidade pelo tumor permanecer tão alta.
Apesar de ser um dos mais letais, o câncer de pulmão também é um dos tumores mais evitáveis, já que cerca de 85% dos casos têm relação direta com o tabagismo. Ou, ainda, se descoberto precocemente, pode ser tratado com sucesso.
– Fernando Zamprogno
O tabagismo é a principal causa, mas não a única
O tabagismo ativo é o principal responsável pelo surgimento da doença. Entretanto, de acordo com a médica oncologista Juliana Alvarenga, do Ellas Oncologia, não é o único. Pessoas que têm contato frequente com a fumaça do tabaco, os chamados fumantes passivos, também correm riscos.
“Além do cigarro, há riscos ocupacionais que precisam ser considerados. Muitos pacientes trabalham expostos a substâncias altamente tóxicas, o que também contribui para o aumento dos casos”, explica a médica oncologista Juliana Alvarenga.
Entre estas substâncias estão amianto, radônio, arsênio, cromo e níquel, e até mesmo a poluição do ar. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 17 a 29% dos casos estejam relacionados a exposição ocupacional, considerando tempo de exposição, ambiente e fatores genéticos.
Fernando Zamprogno completa que doenças pulmonares prévias também podem estar relacionadas ao desenvolvimento da doença. “Tuberculose ou bronquite crônica e histórico familiar da doença também podem aumentar o risco”, disse.
Prevenção e tratamentos
O diagnóstico tardio é o maior obstáculo para cura do câncer de pulmão, já que, quando detectado nos estágios iniciais, pode ser tratado com cirurgia ou terapias menos agressivas, com maior chance de sucesso.
Segundo a médica oncologista, Carla Loss, a tomografia computadorizada de baixa dose é uma das estratégias mais eficazes para rastrear a doença em pessoas com alto risco, como fumantes e ex-fumantes acima de 55 anos.
Ela ainda ressalta que praticar exercícios, evitar exposição à agentes cancerígenos e ao tabagismo passivo ajudam na prevenção, mas deixar o cigarro continua sendo a principal forma de prevenção.
“Parar de fumar traz benefícios imediatos à saúde. Em poucas semanas, há melhora na capacidade pulmonar e, com o tempo, a redução significativa do risco de desenvolver câncer e outras doenças graves”, reforça a médica oncologista Carla Loss.